Pedro Ribeiro
Foto: Divulgação

Por Aroldo Murá

O alcaide Rafael Valdomiro Greca de Macedo vai levando de vento em popa sua decisão de promover uma grande mexida na Prefeitura. Tudo, claro, montado sob sigilo regulamentar, com confabulações divididas apenas com poucos, com gente muito próxima, como a Aranha Marrom, o advogado GG e o “valet” e assessor preferido Lucas Navarro de Souza. Às vezes, Mônica Santana participa dessas montagens, até porque o prefeito sabe que em seus planos – em que não se descarta uma candidatura sua em 2022 ao Iguaçu – vai precisar muito da sensibilidade de comunicadores. Outro privilegiado desses diálogos foi o secretário Victor Hugo (de férias) que, tudo indica, deve ficar mesmo nas Finanças. Afinal, não seria fácil o moço transferir os segredos do cofre municipal… Na dúvida, Denise Vilela e Ogeny Lemos estão na espera.

“Prova clara de que Greca está pensando no Palácio Iguaçu – segundo opina um deputado do PSD – é a criação de uma secretaria para a Região Metropolitana de Curitiba”.

E A INTELIGÊNCIA…

Mas há muito mais do que a vã imaginação pode trabalhar na montagem dessa nova nomenclatura da administração Greca. Por exemplo, na semana passada, dona Matilde ouviu, em bom som, que “dificilmente o coronel Zanatta ficará no cargo no Gabinete”.

Até agora o oficial da PMEP vinha cuidando da inteligência da PMC, arapongagem , e etc.

– Zanatta está falhando muito, teria bradado o prefeito num nervoso encontro em sua chácara com parte de seu “inner circle”.

Uma das reclamações contra Zanatta, a qual Greca não esconde, seria a de que “ ele não conseguiu até agora”, identificar fontes de informações desta Coluna/Blog. Quer dizer: não conseguiu descobrir, por exemplo, onde atua dona Matilde da Luz, uma eficiente e antiga funcionária da Prefeitura. E olha que a senhora tem uma posição de relevo. Matilde, ciente de sua importância, assim se autoclassifica:

– Sou Matilde da Luz, a que está cada vez mais perto…do alcaide

PREPARANDO REPRESSÃO

Numa administração na qual fazer política, em todas as suas dimensões – incluindo golpes baixos -, é a ordem, surpreende a escolha do atual comandante da PMEP, coronel Péricles Mattos, para chefiar a Secretaria de Defesa Social e Trânsito, o que inclui a controvertida Guarda Municipal de Curitiba. Ele substituirá seu amigo Guilherme Rangel, delegado, no cargo.

Péricles, um homem de prática evangélica considerada “séria”, estaria recebendo incumbências consideradas pesadas para seu perfil. Uma delas: ampliar o poder de repressão da Guarda Municipal de Curitiba (GMC), visando sobretudo a campanha higienista que Greca quer patrocinar.

Traduzindo: a ordem do alcaide para 2021 é retirar moradores de ruas do espaço público, “até porque enfeiam a cidade”, clama o prefeito, adicionando, segundo testemunhas: “os homeless têm abrigos seguros da Prefeitura, mas preferem as ruas”.

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Já um sindicalista ligado ao SISMUC, que mantenho no anonimato a pedido dele, garante: “o prefeito sabe que vamos endurecer as reivindicações do funcionalismo a partir de agora. Por isso, ele está apostando na maior militarização da Guarda, para executar repressões segundo a medida Greca…”

COFRE DO IPMC

O olho grande do prefeito Greca e seu entourage nunca ficou longe daquele que é considerado o mais importante “cofre da Prefeitura”, o IPMC, que cuida da vida e do dinheiro dos aposentados do município.

A dinheirama que o novo presidente, Brenno Lemos, vai cuidar, e aplicar, será pelo menos R$ 6 bilhões.

DINHEIRO PARA ASFALTO

Afinal, não há como esquecer que foi com dinheiro das aplicações financeiras do IPMC que Greca de Macedo pagou a maior parte da conta do asfaltamento da cidade.

Um atilado funcionário das Finanças do Município assim confidenciou a dona Matilde da Luz sua dúvida sobre o bom uso da grana bilionária do IPMC:

– O prefeito levou para o IPMC alguém estranho aos quadros da Prefeitura, até porque um funcionário de carreira dificilmente aceitaria indispor-se com a categoria. Isso sem considerar que nada se sabe da transparência que guia as aplicações financeiras do Instituto. Nem se sabe se a instituição segue as boas normas de compliance.

Aroldo Murá é jornalista, professor e editor do blog Aroldo Murá