Pedro Ribeiro
Foto: DER PR

Um termo de responsabilidade supostamente distribuído pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná em muitos lares pedindo para que os pais assinassem o documento se responsabilizando pelo retorno do aluno às salas de aula, acabou criando um constrangimento para o próprio governo.

Pela interpretação do texto, depois corrigido pelo próprio governo, os pais seriam os únicos responsáveis por qualquer problema de saúde de seus filhos no retorno às aulas. Ou seja, o governo se eximia de qualquer culpa ou responsabilidade.

. “Fica evidente que o governo está querendo lavar as mãos e transferir qualquer responsabilidade para as famílias. Neste caso, os mais pobres, que não têm as tecnologias e as condições ideais para o ensino não presencial serão, mais uma vez, penalizados pelo governo”, respondeu a APP-Sindicato.

A APP-Sindicato se posicionou contra o protocolo de retomada das aulas presenciais apresentado pela Secretaria da Educação e do Esporte (Seed). O Sindicato vê com preocupação a ausência de posicionamento técnico da Secretaria da Saúde (Sesa) e o indicativo de que o governo planeja o retorno das aulas ainda durante a pandemia do novo coronavírus.

“Nós temos defendido que esse debate tem que partir dos indicadores da Secretaria da Saúde, porque o retorno da aulas presenciais só pode ser pensado com a pandemia controlada, para que não se agrave ainda mais a situação da doença no nosso estado e no país”, comenta a secretária de Finanças da APP-Sindicato, professora Walkiria Olegário Mazeto.

A dirigente sindical destaca que chamou a atenção uma mudança no discurso do governo. Segundo ela, na primeira reunião do Comitê a Secretaria da Educação dizia que não tinha data definida para o retorno das aulas. Mas, na reunião de hoje, o argumento foi de que não se deve ficar muito tempo sem as aulas presenciais para não provocar evasão. “Isso é uma contradição à propaganda do próprio governo de que mais de 90% dos estudantes estariam frequentando as aulas não presenciais”, comentou.

O QUE DIZ A CIÊNCIA?

Escolas do Brasil e de todo o mundo se preparam para reabrir pela primeira vez desde março, quando a maioria foi fechada devido à quarentena contra o coronavírus. No Brasil a maioria das escolas permanece fechada e sem previsão de reabertura.

Mas o que a ciência diz sobre as escolas durante a pandemia? Elas podem reabrir agora com segurança para alunos e professores? O fechamento delas ajudou a conter a pandemia? As perguntas foram feitas pela BBC Brasil.

Desde março, diversos estudos já foram publicados com dados empíricos coletados nesta pandemia que tentam responder essas perguntas. Os governos têm se debruçado sobre essas pesquisas para tomar suas decisões — mas a questão é de difícil solução e não existe um consenso sobre qual seria o melhor caminho a seguir.

Em termos gerais, as pesquisas sugerem que pode ser seguro reabrir escolas onde não há grandes surtos da doença, mas que seria necessário manter medidas como distanciamento social. Além disso, seria vital ter um bom sistema de testes e de rastreamento de contatos — algo que inexiste em diversos lugares, como no Brasil.

Os estudos também mostram que professores, funcionários e alunos de escolas secundárias estão em maior risco que crianças pequenas de contrair a covid-19 — e que esses riscos não são nada desprezíveis.

Também está comprovado que diversas escolas no mundo — tanto primárias, quanto secundárias — registraram grandes surtos da doença.