Pedro Ribeiro

Por Alceo Rizzi

Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, parlamentar que já teve seu gabinete vasculhando em operação de busca e apreensão da Polícia Federal em investigação de recebimento de propinas, surge com nova versão, a quarta, para tentar eximir presidente de crime de responsabilidade na suspeita compra da vacina indiana Covaxin. Agora, diz que o presidente solicitou diretamente ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco para que investigasse.

A versão anterior, era a de que o Ministro tinha sido alertado. E o militar, cujo cargo foi citado pelo servidor que depôs na CPI da Covid no Senado, como sendo um dos que exerciam pressão para que ele autorizasse a importação da vacina, com toda sua franqueza informou que não havia irregularidades. Isso quando o ministro era o general do simples assim, do um manda, outro obedece, sempre sabujamente disponível para acatar ordens.

Antes, governo tentou alegar falsamente que documentos da denúncia apresentados pelo servidor eram fraudados. Depois, mentiu que o presidente mandou a PF apurar imediatamente após receber a denúncia, três meses antes de o caso vir à tona. PF só agora abriu inquérito. Ou é falta de inteligência ou apenas mais um deboche. Ou as duas coisas juntas

FALTA DE RESPEITO E GRATIDÃO

Essa explicação, com suspeito ofício que surge dando conta de pretenso pedido do presidente ao demitido ministro da Saúde e general, para que ele apure eventuais irregularidades na compra da vacina indiana, é um desapreço à inteligência, falta de consideração e de gratidão aos que anda são usados como devota massa de apoio.

Como se fosse de débeis ignorantes à acreditar em tudo o que dizem, sem capacidade de discernimento. O ministro general, que já estava demitido uma semana antes de receber o oficio o teria repassado então ao seu secretário-executivo, o segundo na hierarquia da pasta, então coronel Élcio Franco, que também fica apenas quatro dias no cargo até ser exonerado, mas no tempo suficiente para averiguar e assegurar que não encontrou irregularidades.

E o então novo e atual ministro sequer soube do que se passava. A que propósito a tal averiguação do coronel foi feita, é coisa que pode causar indagação. Agora, além desse suspeito ofício que surge, o governo suspende o contrato da compra da vacina, por sugestão da Controladoria Geral da União (CGU).

E o diretor da chefe da CGU diz que o órgão vai dedicar o máximo de empenho para analisar todo o processo de compra em regime da maior urgência, o mais rápido possível. No prazo de 10 dias. Coisa que o coronel conseguiu com muito mais competência em curto prazo. E tem ainda quem acredite.

A falta de respeito à inteligência e à gratidão dos apoiadores passam apenas a ser detalhes sem importância. Se é que muitos se importem com detalhes tão pequenos.

Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal