Pedro Ribeiro

Por Aroldo Murá

Para experiente marquetólogo e ex-secretário de Imprensa do estado, “o alcaide tenderá a alegar que sempre esteve na frente, conforme pesquisas, independente de apoio de Ratinho Junior”. No fim, dirá que se elegeria “independente do empurrão do governador…”

Se alguém disser que o deputado Ney Leprevost ficou surpreso com os resultados da pesquisa eleitoral que aponta o alcaide Rafael Valdomiro Greca de Macedo como o mais lembrado nome para a eleição a prefeito de novembro, estará errado.

Asseguram antigos cabos eleitorais de Ney – como dois dos ouvidos pela Coluna, gente hoje atuando em outras pré-campanhas, como a de João Guilherme e Francischini – que o ex-secretário de Família, Justiça e Trabalho sabia há meses “estar sendo enfraquecido” ,e já se mostrava pouco animado para levar o projeto eleitoral adiante.

O verdadeiro comandante do PSD, Ratinho Junior, há tempos mostrava, segundo essas fontes e outros analistas políticos, apostar as fichas em Greca. O seu verdadeiro alvo, segundo as mesmas fontes, seria agregar a si o Vice, Eduardo Pimentel, uma poule de dez, por sua juventude e capacidade de aglutinar influenciadores. Claro, também, que o potencial de votos de Greca foi importante para a escolha do Governador, mesmo ele tendo de se desfazer de Ney Leprevost, igualmente forte de votos. Pimentel, moço e com ficha limpa, é um dos “darlings” do patriciado curitibano, sem as arestas enormes que hoje marcaram Greca. E, também, com uma saúde física e mental de ferro.

INVESTINDO NO VICE

Para um atilado jornalista de política, com dezenas de anos de cancha na área, o que aconteceu “foi fácil de explicar”: – O governador começou há muito tempo a investir no Eduardo Pimentel Slaviero, e assim, foi se esvaziando a pré-candidatura de Ney.

Essa explicação tem lógica: Ratinho Junior quer consolidar-se em Curitiba através de um nome que é de todo palatável a seu grupo e à sua própria família (o pai, particularmente). No caso, o escolhido final é um só, Eduardo Pimentel.

Pimentel Slaviero é um afortunado: além de conselhos prudentes de de Paulo Pimentel e de Cláudio Slaviero, tem a seu lado um dos mais preparados – e discretos – assessores de primeira hora, o segundo vice-presidente da Fecomércio do Paraná, Paulo Nauiack, uma raridade nesse universo da política de vale tudo.

RATINHO JUNIOR NADA ESPERA

Para a mesma velha raposa política da imprensa, “Ratinho Junior não espera lealdades de Greca de Macedo, cujo forte não é o de ser leal aos que o ajudam, vide os grandes traídos pelo prefeito, como Jaime Lerner, Roberto Requião e Beto Richa. O mais massacrado foi Lerner, o real “construtor” do hoje alcaide.

Por seu turno, Greca de Macedo estaria, agora, apenas interessado em somar votos, como os que Ratinho Junior proporcionará.

Um marquetólogo aposentado cravou a seguinte “previsão”, declaração premonitória que, no mundo da política, nem sempre é anotada pela importância de seu conteúdo:

– Greca de Macedo vai, ao fim do pleito, se vitorioso, garantir que ele não dependeu do apoio de Ratinho Junior, usando argumento para ele “muito claro”: dirá que já estava com a eleição no papo, independente do apoio do governador. Citará pesquisas, etc.

Enfim, Greca não surpreende aos que tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. É como o escorpião da fábula, tal como lembrou recentemente o jornalista Pedro Ribeiro do Portal Paraná

SCIARRA FEZ A PONTE

Ney Leprevost não teria mesmo condições de se opor à clara posição do governador que, polidamente, requisitou sua volta à SEJU, desalojando-o da corrida prefeitural.

É importante lembrar que a última palavra sempre caberia ao governador sobre a candidatura de Ney,pois Ratinho Jr. é quem controla o Fundo Eleitoral e tem poder de todos os apoios e vetos no PSD.

Não se sabe quanto do Fundo está destinado a Curitiba, até agora. Ney era o único nome, até então, que criava problema eleitoral para o atual alcaide, por ter significativa importância em votos e liderança.

DECISÃO DE KASSAB

O “placet” nacional para que o PSD do Paraná (incluindo, claro, o de Curitiba) ficasse com Greca de Macedo, segundo me garante um ex-secretário de Imprensa de antigos governos, “foi o obra do ex-deputado Eduardo Sciarra.” Ele foi quem costurou todas as negociações com o dono do PSD nacional, Gilberto Kassab, em favor da guinada do partido.

Dizem línguas afiadas que, no fundo do túnel, discretamente – como sempre – estava o advogado GG , articulador de longa trajetória, braço direito, condutor de Greca e, com certeza, a voz de comando mais forte ouvida hoje na Prefeitura de Curitiba. Muito mais poderosa do que a da Aranha Marrom, mas com a qual forma uma dupla que acaba decidindo muito sobre uma cidade de 2 milhões de almas.