Pedro Ribeiro

 

Por Aroldo Murá

Alcaide optou por um “Big Brotgher Sanitário”, com cada cliente do comércio sendo cadastrado com dados sobre sua saúde. Pode? Há contribuinte querendo judicializar novidade.

 

A Secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, era contra, mas foi obrigada a aceitar a adoção do Projeto Check-in Seguro, que cria regras para a liberação do controle sanitário em bares e restaurantes da cidade. Criado para acalmar esse segmento, o projeto vai criar cadastros dos frequentadores desses estabelecimentos, criando um QR Code como arma para controlar o fluxo e acompanhá-los em caso de suspeita de contágio de Covid.

Com nome moderninho, o projeto Check-in Seguro vai criar QR Code para estabelecimentos cadastrados em que os funcionários e proprietários forem vacinados e fizerem as testagens comprovando não terem a Covid. Ademais, os frequentadores serão cadastrados e seus dados formarão um banco de dados, a ser usado pela Secretaria de Saúde.

Caso um dos clientes contraía Covid, será possível alertar os demais frequentadores do bar a tomarem cuidados e fazerem testagem. A grande indagação está na boca dos defensores dos direitos humanos, que apontam “intromissão indesculpável na sagrada intimidade do contribuinte”. Enfim, a medida seria um “big brother da Covid-19”.

Decisão a “de todo indesculpável”, gritam cidadãos que se dizem dispostos a ir à justiça, e que não abrem mão de freqüentar bares e restaurantes sem “serem vigiados e terem suas vidas devassadas pela Prefeitura e/ou comerciantes”. Justiça existe também para isso…

GRANDE RISCO

Muito além dos protestos dos defensores da privacidade, há os que consideram que “ a decisão da Prefeitura até pode parecer bem planejada e muito eficaz. Mas há grande risco.” Por exemplo: a adoção da medida é vista por equipes da Secretaria de Saúde como um alvará para o fim do distanciamento e do uso de máscara e do álcool em gel. E para piorar, a medida do prefeito Rafael Greca está sendo tomada no momento em que cresce a presença da variante Delta. Ela e já representa metade dos registros de novos casos em Curitiba.No Rio de Janeiro, a Delta avança em todas as faixas da população, vacinadas ou não.

“CANSEI, CANSEI…”

Mas parece que a medida não assusta o prefeito. Ele decidiu ceder à pressão empresarial. Cansado de ouvir reclamações, Greca não quis ouvir argumentos técnicos da secretária Márcia Huçulak. E preferiu acolher argumentações de outros assessores, como Lucas Navarro de Souza, um habitué da vida noturna, que vem se queixando da falta de balada…

Lucas, todos sabem, é o “primus inter pares” do prefeito, e enfeixa mais poder de decisão do que vereadores da base, igualando-se, em força, com os dois supersecretários, Luiz Fernando Jamur e Vitor Hugo Puppi. E, admite-se, pode, em certas situações, “mandar mais do que a chamada primeira dama”. O que não é pouco…

TODO PRESTÍGIO…

Greca quer ganhar pontos e aumentar a popularidade em Curitiba. E quer surfar nesse momento de baixa de casos e mortes registrados há um mês. Sem lógica e sem olhar para tão amada Europa, a qual costuma comparar com Curitiba, Greca não admite que teremos um aumento de casos como acontece em países como Alemanha, Inglaterra e Itália, onde a Covid voltou, por causa da variante Delta. E nem faz questão de tomar ciência do caso de Israel. Sem se importar com número, estatísticas, realidades européias e de Israel, Greca tem repetido, quando lhe indagam sobre essa abertura geral, dizendo, em tom de mantra, marcado por mãos abanando: – Cansei, cansei, cansei…