Greca não aceita meio termo na abertura: “cansei, cansei, cansei…”
Por Aroldo MuráAlcaide optou por um “Big Brotgher Sanitário”, com cada cliente do comércio sendo cadastrado..
Por Aroldo Murá
Alcaide optou por um “Big Brotgher Sanitário”, com cada cliente do comércio sendo cadastrado com dados sobre sua saúde. Pode? Há contribuinte querendo judicializar novidade.
A Secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, era contra, mas foi obrigada a aceitar a adoção do Projeto Check-in Seguro, que cria regras para a liberação do controle sanitário em bares e restaurantes da cidade. Criado para acalmar esse segmento, o projeto vai criar cadastros dos frequentadores desses estabelecimentos, criando um QR Code como arma para controlar o fluxo e acompanhá-los em caso de suspeita de contágio de Covid.
Com nome moderninho, o projeto Check-in Seguro vai criar QR Code para estabelecimentos cadastrados em que os funcionários e proprietários forem vacinados e fizerem as testagens comprovando não terem a Covid. Ademais, os frequentadores serão cadastrados e seus dados formarão um banco de dados, a ser usado pela Secretaria de Saúde.
Caso um dos clientes contraía Covid, será possível alertar os demais frequentadores do bar a tomarem cuidados e fazerem testagem. A grande indagação está na boca dos defensores dos direitos humanos, que apontam “intromissão indesculpável na sagrada intimidade do contribuinte”. Enfim, a medida seria um “big brother da Covid-19”.
Decisão a “de todo indesculpável”, gritam cidadãos que se dizem dispostos a ir à justiça, e que não abrem mão de freqüentar bares e restaurantes sem “serem vigiados e terem suas vidas devassadas pela Prefeitura e/ou comerciantes”. Justiça existe também para isso…
GRANDE RISCO
Muito além dos protestos dos defensores da privacidade, há os que consideram que “ a decisão da Prefeitura até pode parecer bem planejada e muito eficaz. Mas há grande risco.” Por exemplo: a adoção da medida é vista por equipes da Secretaria de Saúde como um alvará para o fim do distanciamento e do uso de máscara e do álcool em gel. E para piorar, a medida do prefeito Rafael Greca está sendo tomada no momento em que cresce a presença da variante Delta. Ela e já representa metade dos registros de novos casos em Curitiba.No Rio de Janeiro, a Delta avança em todas as faixas da população, vacinadas ou não.
“CANSEI, CANSEI…”
Mas parece que a medida não assusta o prefeito. Ele decidiu ceder à pressão empresarial. Cansado de ouvir reclamações, Greca não quis ouvir argumentos técnicos da secretária Márcia Huçulak. E preferiu acolher argumentações de outros assessores, como Lucas Navarro de Souza, um habitué da vida noturna, que vem se queixando da falta de balada…
Lucas, todos sabem, é o “primus inter pares” do prefeito, e enfeixa mais poder de decisão do que vereadores da base, igualando-se, em força, com os dois supersecretários, Luiz Fernando Jamur e Vitor Hugo Puppi. E, admite-se, pode, em certas situações, “mandar mais do que a chamada primeira dama”. O que não é pouco…
TODO PRESTÍGIO…
Greca quer ganhar pontos e aumentar a popularidade em Curitiba. E quer surfar nesse momento de baixa de casos e mortes registrados há um mês. Sem lógica e sem olhar para tão amada Europa, a qual costuma comparar com Curitiba, Greca não admite que teremos um aumento de casos como acontece em países como Alemanha, Inglaterra e Itália, onde a Covid voltou, por causa da variante Delta. E nem faz questão de tomar ciência do caso de Israel. Sem se importar com número, estatísticas, realidades européias e de Israel, Greca tem repetido, quando lhe indagam sobre essa abertura geral, dizendo, em tom de mantra, marcado por mãos abanando: – Cansei, cansei, cansei…