Pedro Ribeiro
Foto: Divulgação

Seguidores do presidente Jair Bolsonaro foram na tarde deste domingo na frente do Quartel General do Exército, no Plano Piloto da Capital Federal, para pedir intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional.

Em discurso, Bolsonaro disse que “temos um novo Brasil pela frente. Patriotas têm que acreditar e fazer sua parte para colocar o Brasil no destaque que ele merece e acabar com essa patifaria. É o povo no poder”.

Disse ainda que para garantir a “nossa democracia e aquilo que há de mais sagrado em nós, que é a nossa liberdade, esses políticos têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro”.

Ao falar para os manifestantes, Bolsonaro voltou a desafiar recomendações de autoridades sanitárias, pois não usou máscaras e esteve ao lado das pessoas, cumprimentado muitas delas.

Na manifestação, que lembra o Dia do Exército, os bolsonaristas – pouco mais de 300 pessoas – a maioria também sem máscaras, descumpria orientações de isolamento social e uso de máscaras para amenizar o impacto da pandemia do coronavírus.

Aos gritos de “mito”, “queremos intervenção” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”, manifestantes portavam bandeiras do Brasil e faixas com dizeres como “Intervenção militar com Bolsonaro”, “fora Maia”, em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e “A voz do povo é soberana”. No protesto, ouviam-se apelos pelo fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente não falou sobre a pandemia nem sobre sua intenção de flexibilizar o isolamento social. Em vez disso, insinuou que personificava o fim da “velha política”, defendeu a obediência à “vontade do povo” e disse que fará “o que for possível para mudar o destino do Brasil”.

No Rio de Janeiro, Rodrigo Maia teve dificuldades para entrar em seu edifício devido a um grupo e manifestantes ligados ao presidente Bolsonaro. A Polícia Militar teve auxiliar o presidente a Câmara a entrar em casa.

REAÇÃO DO STF

O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, criticou os atos realizados em prol de uma intervenção militar no Brasil neste domingo (19). O presidente Jair Bolsonaro participou do ato e insuflou apoiadores.

“É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever”, escreveu o ministro. Ele cita o ativista Martin Luther King: “Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons”.