Associação Amigos de Guaratuba encaminharam carta ao presidente do Pró-Paraná, Marcos Domakoski e ao residente do Instituto de Engenharia do Paraná, Horácio Hilbernberg Guimarães, onde apontam equívocos no projeto da nova Ponte de Guaratuba.
O manifesto
Com a mais absoluta surpresa, e indignação, tomamos conhecimento dos documentos
Notas Técnicas, referentes a supostas obras previstas pelo Governo do Estado, para o
litoral do Paraná, uma das quais a utópica Ponte de Guaratuba.
Em ofício dirigido ao Governador Carlos Massa Ratinho Junior, V.Sas. destacam,
equivocadamente, que a “obra permanece como um sonho…” e que é de “extrema
relevância…”. A seguir, assinalam ser a ponte “um antigo sonho paranaense…” e que o
Senhor Governador “coloca a sua gestão em destaque na galeria de eficiência e
efetividade na administração pública brasileira.” E assim por diante.
Como associações representativas de Guaratuba, cujos membros são moradores e/ou
proprietários de imóveis no referido balneário, cabe-nos, também voluntariamente,
apresentar estes esclarecimentos, bem como levantar algumas duvidas.
Na verdade, quer nos parecer que V.Sas. pretendem transformar o pesadelo da
implantação da ponte, num sonho. E esse não é o sonho acalentado pela grande
maioria da população guaratubana, que raramente foi ouvida a respeito, e que em
duas únicas reuniões realizadas em Guaratuba e em Matinhos, coordenadas por esse
IEP, deliberaram pela não construção da aludida obra de arte.
A menção à Ponte Hercilio Luz, de Florianópolis, nos enseja lembrar que o Governo de
Santa Catarina projeta a implantação de cinco terminais portuários, ligando o
continente à ilha. Quem viaja para a bonita Capital catarinense, sabe muito bem o por
que desse projeto governamental.
V.Sas., como mentores de prestigiosas entidades, e o Senhor Governador, estão
perdendo a grande oportunidade de se posicionarem favoravelmente junto a opinião
pública, ao deixarem de dar destaque relevante à construção do trecho paranaense da
BR-101, entre a BR- 277 e a BR-376, essa sim a obra que será a redenção do Litoral.
Cabe reforçar que a sugestão mais viável dessa ligação(BR-101 ou PR-101) é iniciá-la na
BR-277, no Município de Morretes, até a Divisa PR/SC, na localidade de Pedra Branca
do Araraquara, Município de Guaratuba. Impraticável deslocá-la para a Rodovia
Alexandra-Praias, em qualquer ponto e extensão impeditiva para tráfego pesado.
Damos em anexo observações sobre o EVTEA e sobre a “Nota Técnica”(NT). Att.
MARCUS AURÉLIO DE CASTRO IWAN SABATELLA FILHO Membros da
SOCIEDADE AMIGOS DE GUARATUBA
RESPOSTA À NOTA TÉCNICA (NT) CONJUNTA MPP E IEP
SOBRE O SUPOSTO PROJETO PONTE DE GUARATUBA
NT:”A Constituição do Estado do Paraná, promulgada no dia 5 de outubro
de 1989, no artigo 36, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
estabelece a construção da sonhada Ponte de Guaratuba.”
Resposta: Primeiro, a Constituição estabelece, porém não determina,
não obriga. Segundo, a Constituição não aponta qual o local exato da
implantação da suposta Ponte, e, lamentavelmente, as alternativas
oferecidas pelo EVTEA são todas elas desastrosas, como veremos a
seguir.
NT:”A comunidade paranaense acalenta há mais de 30 anos a sua
ausência.”
Resposta: Baseada no que as entidades fazem essa leviana declaração?
Quantos e quais representantes do povo de Guaratuba, solicitaram às
autoridades federais e estaduais, a construção da utópica ponte? Há 30
anos ou mais duas reuniões foram realizadas, uma em Matinhos e outra
em Guaratuba, esta no ICG. Nas duas estiveram presentes autoridades
de todas as esferas, representantes de Prefeituras e de Câmaras,
representantes de entidades, uma delas o Instituto de Engenharia do
Paraná, e povo em geral. Nas duas reuniões, após os pronunciamentos e
debates, por maioria, concluiu-se pela não implantação de uma Ponte na
entrada da Baía de Guaratuba.
NT:”A limitação da oferta de transporte rodoviário, pela ausência da
ponte, dificulta o fluxo normal das pessoas que vivem no litoral, em
especial, na temporada de verão.”
Resposta: A limitação do transporte rodoviário é demonstração de falta
de vontade política das autoridades. Primeiro, vamos aproveitar para
discutir volume de tráfego pela suposta ponte. Pelo visto na sua NT,
V.Sas. acordam que vão resolver o problema da temporada de verão,
com uma Ponte de altíssimo custo e de ônus inadmissível à beleza cênica
que é um dos maiores atrativos do golfo de Guaratuba, degradação do
entorno ambiental e das áreas dos moradores das praias – dentre as
quais as mais prejudicadas serão a Prainha e a Caieiras -, que serão
interferidas pelos encostos da ponte e pilares de sustentação, pelo
extenso período de construção e futuras instalações de manutenção e
controle de trafego e de segurança, bota fora das escavações, muros de
contenção e das inúmeras obras periféricas que propositalmente deixam
de ser enumeradas. No mais, o DER/PR se omitiu ao permitir que a
travessia da baía se perpetuasse por obsoletas balsas e antiquados
ferry-boats sem estabelecer a modernização no transcorrer dos períodos
de concessão. Constata-se que em inúmeros outros locais turísticos, as
travessias similares são feitas por bem melhores e modernas
embarcações. Para citar exemplos – já que V.Sas. subiram o tom ao
mencionarem as Pontes Hercilio Luz e Brasil-Paraguai -, basta verificar as
embarcações que fazem o trajeto Rio-Niterói pela baía de Guanabara.
Com uma grande ponte ao seu lado, a maioria dos passageiros prefere
deixar seu carro nas praças Arariboia(Niterói) e XV(Rio) e vão
confortavelmente em modernas embarcações em vez de atravessar pela
Rio-Niterói, ou Presidente Costa e Silva.
Por falar nisso, as suas zelosas entidades já procuraram saber qual a
empresa que venceu a licitação para travessia da baía de Guaratuba?
NT: “Ao trafegar pela rodovia PR-412 em direção à cidade catarinense de
Garuva, é possível observar um grande número de veículos das cidades
próximas do estado vizinho…”
Resposta: Aqui cabe uma explicação: A Rodovia Garuva-Guaratuba, tem
34 km de extensão. Destes, 17 km estão no Paraná, e outros 17 em Santa
Catarina. Essa rodovia é o acesso natural ao Porto de Itapoá(SC) e ao
Balneário de Itapoá(SC). Obviamente alguns veículos de cidades
catarinenses não tão próximas, circulam pela referida rodovia. Curioso
observar, também, que de algum tempo para cá deve ser difícil saber a
procedência dos veículos, em grande número portando placas azuis do
Mercosul. Cabe lembrar, ainda, que os ônibus interestaduais que
demandam do sul, rumo ao sudeste, quando estacionam nas balsas
possibilitam aos passageiros acionarem seus equipamentos fotográficos
para colherem imagens da ainda maravilhosa e virgem baía.
NT:”A implantação de túneis minimizará os impactos sobre a mata
atlântica no entorno da ponte…”
Resposta: “A Nota Técnica esquece do restante do entorno. O próprio
EVTEA reconhece que haverá expressiva supressão vegetal, e até define
quais os tipos de vegetação mais agredidos. Devemos lembrar que
haverá supressão vegetal no acesso e na área operacional da praça do
pedágio, nas entrada e saída da ponte praticamente decapitando dois
morros, um de cada lado da baía, no canteiro de obras, nas alças ou
acessos secundários, e assim por diante. Quanto ao material pétreo
excedente, surpreendeu-nos o modo como é tratado aspecto tão
relevante. Pelo que nos foi dado observar, até aqui, existem sugestões
do EVTEA para utilização, mas são esquecidos alguns itens: 1.Qual será o
esquema utilizado para a explosão de rochas, no túnel? 2.Quais os locais
para depósito do material excedente? 3.Quais os acessos a serem
utilizados para o trânsito de caminhões transportando o material
excedente?
O EVTEA faz um exercício de futurologia ao sugerir outro túnel ligando a
região da Prainha à Matinhos, “caso haja aumento de tráfego”.
Igualmente sugere um binário na região central de Guaratuba. Como se
não bastasse uma “estrada urbana”, o EVTEA está sugerindo DUAS
“estradas urbanas.” Além da Rua Antônio Rocha – que é prolongamento
da PR-412 e vem do ancoradouro do ferry boat -, pelo desenho é
possível observar que a outra artéria do binário é a Rua Vicente
Machado, paralela a Av. Principal. Para quem não sabe, a Rua Antônio
Rocha é a mesma que passa pelo Corpo de Bombeiros rumo ao centro da
cidade e a 100 metros da praia de banho. Ou seja, para ter acesso ao
mar, as pessoas obrigatoriamente cruzam a referida artéria, que querem
transformar em “estrada urbana”. E a Rua Vicente Machado, como
paralela à Av. 29 de Abril (Principal), tem grande movimentação pois se
trata de importante alternativa para quem se dirige ao centro da cidade.
- ”Complementarmente à construção da Ponte de Guaratuba, há
necessidade de direcionar o trânsito de veículos de transporte pesado para
outra via que seria a construção de uma ligação rodoviária entre o
município de Garuva e a Rodovia Alexandra-Matinhos.”
Resposta: Lamentavelmente as entidades signatárias da carta ao Senhor
Governador, tratam a construção da 101 Paranaense como um aspecto
meramente secundário. Trata-se, todavia, da melhor e da única
alternativa viária para a almejada Redenção do Litoral do Paraná. Não se
trata, como previa o Governo Beto Richa, de uma ligação BR-116 a BR-
101, e sim da ligação da BR-277(no Município de Morretes) a BR-376(no
Município de Guaratuba). A estrada de terra já existe, passando no meio
de duas áreas ecológicas (sem agredi-las), e além de apoio substancial às
zonas rurais de Morretes e de Guaratuba, tiraria das rodovias que
trafegam pela Serra do Mar, em ambos ao lados, grande número de
caminhões e carretas, muitos dos quais responsáveis por altíssimo índice
de acidentes. Por passar nos fundos da Baia de Guaratuba, possibilitaria
a implantação de uma curta rodovia até a área urbana daquele
balneário. E, por favor, senhores do Pró Paraná e do IEP, deixem fora
disso a Alexandra-Matinhos, que nem por um mero km deve ser
utilizada, simplesmente porque, também não foi construída para
tráfego pesado. A 101 racionalizaria o trânsito em questão e a ligação
dos portos do Sul a Paranaguá, como parte do complexo viário do litoral.
Promoveria a agricultura e a pecuária, facilitaria o deslocamento dos
moradores, visitantes e outros usuários, o comércio, os atendimentos
médicos e sanitários, hoje extremamente dificultados pela falta dessa
ligação. Este projeto é muito mais necessário e inteligente, e pode ser
implantado por etapas, na medida de um cronograma físico financeiro
suportável. Além do mais traria a grande vantagem de evitar o tráfego
pesado pelas ruas de Guaratuba, de Caiobá e de Matinhos, cidades que
seriam muito prejudicadas com a alternativa da ponte.
No caso da atual travessia, em Guaratuba, há solução que seria enorme
atrativo para toda a região litorânea. A construção de um ecológico
atracadouro, entrelaçado ao meio ambiente, nos dois lados da baía, no
Cabaraquara e no bairro Piçarras, conectados a Avenida Paraná e a
estrada para Caiobá-Matinhos. Promoveria a criação do complexo
Ônibus-Vans-Barcos para transportar pedestres entre Guaratuba e os
vizinhos Caiobá e Matinhos, explorado por um consórcio entre a
concessionária da travessia e a empresa de ônibus licitada pela
Prefeitura. A localização da travessia pelas balsas de hoje seria mudada,
restaurando o local do atual atracadouro ao seu estado original, com
enorme ganho aos moradores, em grande maioria pescadores da
Prainha. Restauração ambiental e cênica que por si só era e poderá
voltar a ser um dos ambientes mais valorizados aos moradores e
visitantes do istmo de passagem entre Guaratuba e Caiobá, como era
aquele trecho em frente à Ilha dos Ratos, antes do advento dos ferry-
boats.