Pedro Ribeiro
(Foto: Bruno Slompo/CMC)

 

Se o Governo do Estado amplia em uma hora o funcionamento de restaurantes, bares e lanchonetes dentro deste pacote de medidas mais restritivas para enfrentamento da pandemia de Covid, para atender essas empresas do ramo de gastronomia e bebidas, como fica caso seja decretada “bandeira vermelha” em Curitiba, como prevê a Prefeitura Municipal? Mais uma vez o abre e fecha e o dilata e encurta horários, enquanto que os ônibus do sistema de transporte coletivo operam com capacidade diferenciada. Este abre e fecha tem levado muito gente a ficar com os nervos à flor da pele.

Numa disputa que já se arrasta por mais de 60 dias, o Tribunal de Contas do Estado e a Prefeitura de Curitiba ainda não chegaram a um acordo em relação a equação, ou seja, menos ônibus circulando como sugeriu o presidente da Casa de Contas, conselheiro Fábio Camargo, ao prefeito da capital, Rafael Greca.

Em manifestação pública, através de artigo publicado aqui no Paraná Portal, Fábio Camargo alertou que “Curitiba é a capital mais letal da pandemia” e lembra que o Tribunal de Contas do Paraná determinou, em 20/03, à Prefeitura de Curitiba que adotasse critérios mais rígidos de controle no transporte coletivo, medida que poderia evitar milhares de contaminações e centenas de mortes.

Segundo Camargo, o objetivo era simples: salvar vidas, manter em funcionamento os serviços essenciais, em especial os da área da saúde, e proteger os trabalhadores e a população contra o avanço do coronavírus. Como a medida foi contestada e, passados mais de dois meses, a situação não só não melhorou como piorou – e muito.

Camargo ilustra sua tese de redução no número de passageiros nos ônibus da capital e região metropolitana, com dados oficiais: já são 209.581 casos confirmados e, infelizmente, já foram registrados 5.275 óbitos, o que torna Curitiba a capital mais letal da pandemia (0,002707 morte por habitante), superior ao índice registrado em Manaus (0,002523 morte por habitante) – à época considerada a mais afetada pela crise sanitária.

A situação em Curitiba se agravou de forma exponencial. Não bastassem as contaminações e as mortes, há escassez de medicamentos essenciais, pacientes são amarrados em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), desacordados e com respiração mecânica invasiva, a ocupação de UTIs supera assustadores 96%, e há filas de espera que crescem diariamente, observou Camargo.

Mesmo diante de tal penoso quadro, a Prefeitura de Curitiba editou o Decreto nº 920/2021 nesta terça-feira (25/5), prorrogando a chamada “bandeira laranja” até a próxima sexta-feira (28/5). Contudo, não alterou o percentual de ocupação dos ônibus, mantido em 70% da capacidade – situação que não contribui, ao contrário, agrava ainda mais a situação que já é desesperadora.

Para a direção do TCE, a essência da questão é que nem as empresas nem o município fiscalizam o distanciamento, uso de álcool e medição de temperatura nos acessos dos terminais e estações tudo. Tampouco primam pela rigorosa observância do limite de passageiros nos veículos, que foi elevado para 70% em momento inoportuno e inconveniente.