Pedro Ribeiro

 

É inegável que o governo Jair Bolsonaro trouxe algumas evoluções para o Brasil. Quase todas ligadas às convicções do presidente. A afirmação dos valores das famílias, a defesa de condutas morais, especialmente de proteção da infância, a liberação da compra e porte de arma para as pessoas se protegerem e o combate à corrupção são exemplos de avanços importantes que tivemos nos últimos anos.

Já as ações de modernização do Estado, efetivadas até o momento, são resultado do projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes. Resultados que estão muito aquém do prometido na campanha eleitoral, quando Guedes foi usado como garantia de que teríamos um governo liberal. Hoje, o que vemos é um ministro abandonado pelo presidente, impedido de seguir adiante nas importantes reformas do Estado.

O governo realizou a Reforma da Previdência, reduziu a burocracia e simplificou parte da legislação para melhorar o ambiente de negócios, mas o cerne do projeto liberal idealizado pelo ministro Paulo Guedes, não saiu do papel. O fato é que o presidente Bolsonaro não aceita as reformas, as privatizações e as mudanças mais profundas que prometeu para ser eleito. Bolsonaro não é liberal e sim corporativista, principalmente com seus colegas de farda.

O governo não fez e não fará as privatizações. Não vai vender nada. Nem vai reduzir o tamanho do Estado. Ao contrário, já criou novas estatais, reabriu ministérios e criou cargos. O funcionalismo continua com suas regalias e salários distantes da realidade da iniciativa privada. Pior: Bolsonaro insiste no aumento salarial das polícias mesmo sabendo que está provocando um rombo nas contas públicas e abrindo uma crise sem precedentes dentro do funcionalismo público, principalmente com a Receita Federal.

A cada decisão como essa, Bolsonaro inaugura uma nova crise e vai colecionando erros, desafetos e problemas que afetam negativamente a vida de todos os brasileiros. O presidente não sabe agir como estadista. Não dialoga, não negocia. Brigou com os governadores, não sabe lidar com o Congresso Nacional. Não planeja e não administra o País.

Agora mesmo, o presidente esvaziou o ministério de Paulo Guedes para ampliar os poderes do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nas barganhas com parlamentares. Erra duas vezes. Atrasa a economia e se engana ao acreditar que esta manobra vai ajudar na sua reeleição.

Para se reeleger, Bolsonaro teria que fazer o mínimo. Deveria, pelo menos, doar as empresas estatais para o povo brasileiro. Assim, deixaria a riqueza nas mãos dos seus verdadeiros donos, evitaria novos escândalos de corrupção e impediria que eventuais governos de esquerda voltem a usar as estatais para fazer política partidária.

Mas, ao contrário, o presidente Bolsonaro deixa correr solto. A Petrobras segue com sua política de preços abusivos, a economia não deslancha, o desemprego não cede e a fome se alastra. A cada erro ou omissão, o governo perde uma boa oportunidade de avançar atrapalhando os negócios e sinalizando para o mercado um grande desinteresse em resolver os grandes problemas nacionais.

Nesta toada, o presidente Jair Bolsonaro está inviabilizando a retomada da economia, jogando por terra a confiança e a esperança que os brasileiros depositaram em seu governo e traindo o projeto liberal do Ministro Paulo Guedes que foi o seu fiador na campanha eleitoral.

Bolsonaro se tornou seu pior adversário e o maior obstáculo ao desenvolvimento do Brasil. Além disso, fala demais e não segue os ensinamentos dos grandes estadistas de que “em política não se pratica ato inútil nem joga conversa fora”. Nas próximas eleições, o voto será a resposta a tantas decepções.

Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT – Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT