Pedro Ribeiro

O trato da pandemia do coronavírus pelo governo federal, em especial pelo Ministério da Saúde, continua duvidoso e a cada dia que passa deixa a população mais volúvel. A tal “gripezinha” vem fazendo vítimas fatais em todo o país e o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, parece não saber o que fazer, muito menos o que dizer.

As declarações, nesta semana, do ministro Eduardo Pazzuelo acabaram se transformando na pá de cal quando disse que a vacina produzida pelo Instituto Butantan só seria autorizada para aplicação em um prazo de até 60 dias, como se não houvesse nenhuma urgência, e que ela só será comprada e distribuída pelo governo federal “se houver demanda”.

O ministro que apresentou um plano pífio de vacinação informou que “compete ao Ministério da Saúde realizar o planejamento e a vacinação em todo o Brasil”, e não aos Estados. Ora, os Estados tomaram a iniciativa de planejar a vacinação justamente porque o governo federal, inspirado na entropia bolsonarista, foi até agora incapaz de fazê-lo.

Por fim, infelizmente, o ministro encerrou dizendo: “Erguer a cabeça, dar a volta por cima é um padrão brasileiro. É diante de uma crise que criamos soluções para avançar e temos que acreditar que podemos vencer. Vamos ter fé. Tudo isso vai passar”. Vai, mas, se depender do ministro da Saúde e do presidente, teremos ainda uma longa e penosa temporada no purgatório.

GENERAL E A FANFARRA

O jornalista Alceo Rizzi analisa o desempenho do ministro da Saúde como um estrategista de guerra. “Deve ser constrangedor para o Exército brasileiro assistir à sabuja e desqualificada exposição de um de seus generais, o inepto ministro da Saúde, ela coloca em dúvida os critérios e o nível exigidos para a formação graduação de seus oficiais.

Ainda que o comportamento servil e a personalidade submissa de irracionalidade ao comando da República siga alguma cultura de respeito a hierarquia, ele poderia ao menos demonstrar a dignidade possível no cargo e se recusar a tratar com o mesmo descaso o flagelo da pandemia.

Omisso e submisso, faz do Ministério instrumento do jogo doentio da presidência, como se as mortes que o vírus eleva pelo pais sejam só um detalhe. Aceita dificultar como pode a chegada da vacina, perde estoque de 7 milhões de testes que encalham em depósito , esquecido de ser distribuído, não fez ainda qualquer compra ou contato com indústria de seringas e de ampolas que serão necessárias, ficando apenas nestes exemplos.

Pressionado, trata de apresentar pretenso plano de distribuição das vacinas. Isso se elas forem liberadas a tempo pela Anvisa, “conforme a demanda” em país que está voltando aos patamares de quase mil mortes diárias e 50 mil novos contaminados. Parece piada de humor mórbido.

Na cereja do bolo, suspeita-se que o plano de imunização que apresenta agora, a toque de caixa, é apenas plágio daquele que foi usado no combate a H1N1, há mais de dez anos, de combate a uma doença diferente para um Brasil diferente.

Houve preguiça em cuidar de uma estratégia de imunização. E o ilustre general foi para o Ministério com fama de grande estrategista em logística. Assim ele se faz no Exército, onde ainda se mantém na ativa. Constrangimento é apenas palavra de condescendência, quando não deveria”.