Pedro Ribeiro

Ricardo Barros (60), paranaense de Maringá, vem escrevendo sua história política no Congresso Nacional e se consolidando como uma das novas lideranças em um país órfão de estadista e uma sociedade amedrontada, cheia de dúvidas em relação a expectativas futuras.

Ao perceber que sua nau estava naufragando no Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro convocou o comandante civil de plantão, bombeiro que vem há mais de 30 anos apagando incêndios que assolam as pradarias de Brasília. Barros esteve nos governos, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Roussef, Michel Temer e agora ao lado de Jair Bolsonaro.

A insatisfação da sociedade em relação a políticos como Rodrigo Maia, David Alcolumbre e as velhas raposas que ainda circulam pelo Congresso Nacional tem levado o país à carência de vozes do que acreditávamos serem lideranças políticas. Estão acuados em seus fracassos e desilusões e pouco servem como referência na formação de uma parcela que seja de opinião pública a respeito desses novos tempos.

Ricardo Barros pode ser uma dessas lideranças a exemplo dos paranaenses José Richa e Euclides Scalco. Alvaro Dias mantém seu eleitorado no Paraná e Oriovisto Guimarães tenta mostrar suas opiniões filosóficas na busca de alternativas para uma saída honrosa do país, principalmente nas amarras econômicas as quais foi envolvido, mergulhado em dívidas que o impede de prosperar com investimentos em infraestrutura.

Ricardo Barros é, hoje, um daqueles homens e políticos que deve ser consultado a todo momento sobre qualquer grande decisão que um gestor público venha a tomar para não cometer erros, principalmente nas tramas dentro do Congresso Nacional. É lá que mora o perigo dos governantes liberais ou não.

Hoje vivemos uma fase profunda de transição na concepção e no conceito político, uma época de formação de novas lideranças que estão para surgir mas que ainda não deram as caras.

Quando Barros é novamente chamado, devemos, pelo menos, avaliar seu desempenho político. Não que ele represente o novo, pois já tem 30 anos de caminhada, mas pode ser o diferencial para uma pequena trégua entre o Executivo e o Legislativo, o que seria bom para o país que passa por profundas modificações com decisões que estão para serem tomadas e que podem alterar o modo em que vivemos.

O certo é que ainda vamos precisar de algumas décadas para nos depararmos com políticos com formação, com lideranças genuínas e perfis de estadistas, que nos façam acreditar na possibilidade de haver um projeto nacional, uma percepção visionária de futuro que seja capaz de despertar nosso ânimo e entusiasmo.

Para que isso aconteça, é preciso apostar em políticos do momento, como Barros, Oriovisto e outros, que possam trazer luz e retomar a credibilidade dos políticos, em especial do nosso Congresso Nacional.

Ao assumir a liderança do governo Bolsonaro na Câmara Federal, Barros sinalizou com a intenção de manter uma relação respeitosa entre os poderes e com os entes federativos, sem impor novas obrigações aos municípios.

Barros também errou em suas primeiras palavras, quando disse que é preciso negociar cargos e enfrentar o corporativismo do funcionalismo público. Não precisava ter dito isso. Era só fazer.

Se tiver carta branca do presidente, o que muitos acham difícil devido ao temperamento de Bolsonaro que não admite sombras, o paranaense tem grandes chances de se tornar um grande conselheiro do Palácio do Planalto, pois tem credibilidade e quando assume compromissos, ele cumpre.

Em seu primeiro discurso como líder do governo na Câmara, Barros afirmou que a função do líder do governo é formar maioria. “É agregar, ceder, para que haja entendimento e o conjunto dos partidos possa formar maioria para aprovar os projetos na Casa”. Um bom sinal.

A reforma tributária é, para Barros, o maior desafio do governo neste semestre. “Temos tudo para avançar por um sistema tributário mais simples, mais justo, que tribute mais ricos que pobres para sustentar melhor os inúmeros benefícios existentes na Constituição”, disse.

Barros disse ainda que vai articular a aprovação das propostas relacionadas a pandemia do novo coronavírus e a criação do programa Renda Brasil, que deve substituir os programas assistenciais do governo – auxílio emergencial e Bolsa Família. “O Renda Brasil será um programa mais amplo, já que identificamos na pandemia muito mais brasileiros que precisam de assistência”.

A economia e a queda de juros dependem da manutenção do teto de gastos aprovado no governo Temer, que impede o crescimento das despesas acima da inflação. “Não tem fura-teto. Os créditos virão com remanejamento de outras áreas porque há compromisso com ajuste fiscal”.

“Os presidentes são eleitos com 10% de representantes na Câmara e no Senado. Isso exige articulação, de maneira transparente, e com a inclusão dos programas partidários na coalizão do governo”, disse Barros.

Ao mesmo tempo em que estará colado ao presidente Jair Bolsonaro e literalmente negociando no Congresso Nacional, Ricardo Barros tem outros desafios que não pode abrir mão: eleger o irmão, Silvio Barros prefeito de Maringá e a filha, deputada Maria Victória, em um gabinete especial da Prefeitura de Curitiba.

Ao seu lado nestas articulações, está a ex-governadora, ex-deputada federal e estadual, Cida Borghetti.