Pedro Ribeiro
(Foto: Bruno Slompo/CMC)

 

Solidário às causas indígenas, o senador paranaense, Flávio Arns (Podemos), disse nesta terça-feira, em Brasília, que “a educação não pode sofrer com tanta falta de investimentos”. Arns participou de debate na Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia, do Senado Federal, que abordou os reflexos da pandemia no ensino para estudantes indígenas, do campo, afrodescendentes e carentes.

Os depoimentos tiveram um aspecto humanitário muito grande. Os convidados trouxeram à tona as dificuldades que enfrentam, cada qual em suas realidades. A audiência pública foi muito contundente, vamos colocar tudo no papel, para dar os devidos encaminhamentos. A educação não pode sofrer com tanta falta de investimentos”, afirmou o presidente da Subcomissão, senador Flávio Arns (Pode-PR).

Clarice Santos, coordenadora do Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec), afirmou que o quadro da educação está dramático em escala global, mas as populações vulneráveis são as mais afetadas. “Os estudantes do campo, indígenas e afrodescendentes já sofriam com a radicalização desigual, mas o quadro se agravou ainda mais, o contexto geral é de total desestruturação do sistema educacional e sua consequente mercantilização”.

O diretor executivo da organização não-governamental Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), Frei David Santos, apresentou um quadro comparativo entre brancos e negros e como os últimos representam grande maioria da parcela de abandono escolar. “O ingresso do jovem negro ao ensino médio, por exemplo, apresenta índices bem menores que o jovem branco e representa uma bomba para o futuro da nação, na medida que aumenta o trabalho infantil”, ressaltou.

Frei Davi também falou sobre as novas regras para solicitar o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas). “Ele foi desmontado e prejudica os negros, indígenas e pessoas do campo. Proíbe que as escolas tenham planos para os excluídos nas áreas de educação, assistência social e saúde”.

Gersem José dos Santos Luciano Baniwa, coordenador do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI), abordou um problema apontado por todos os convidados ouvidos pela subcomissão até o momento, que é o problema da conectividade. “O ensino remoto é muito precário, as comunidades indígenas têm direito à internet. Na ausência de políticas públicas de estado, os povos indígenas deram um mergulho nos conhecimentos tradicionais, em busca do equilíbrio”.

Ele abordou, ainda, que os professores indígenas sofreram muito com a fome. “Eles tiveram seus contratos cancelados pelos municípios e não puderam receber o auxílio emergencial. Além disso, a alimentação escolar dos alunos também é um problema, pois a merenda escolar não chega às escolas indígenas”, explicou.

A próxima audiência pública da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia será na segunda-feira (22), às 10h.