Pedro Ribeiro

Com R$ 200 milhões em caixa – recursos do Governo do Estado e da Assembleia Legislativa – o governo paranaense engata, finalmente, uma terceira para poder fazer frente à tragédia da pandemia que se abateu sobre o Estado.

Ao buscar apoio dos governadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o governador Ratinho Junior entendeu que precisa cortar o cordão umbilical que o prende ao presidente Jair Bolsonaro e consequentemente ao Ministério da Saúde na questão de compra de vacinas e no trato da pandemia.

O Sul corre atrás do prejuízo, pois o Nordeste, com protagonismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saiu na frente. Lula ressurgiu dos escombros e já articula com antecessores e lideranças de outros partidos para formarem uma comissão visando pedir o apoio de governos de outros países para que os laboratórios produtores de vacina e os que tiverem estoque excedente, como os EUA, a repassarem lotes maiores ao Brasil.

PIOR CENÁRIO É O DO SUL

Lamentavelmente, o Sul é o pior ranking no Brasil com maior coeficiente de transmissão, número de mortes proporcionalmente à população e o Paraná no agravamento da taxa de ocupação de leitos hospitalares de UTI que chegou a 96%.

Tudo porque os governadores, no caso de Ratinho Junior no Paraná, ficaram esperando o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde que está atrasado em pelo menos três meses se comparado a ações com compra e imunização de países europeus, Estados Unidos e Canadá, observa o deputado estadual Michele Caputo.

Os governadores, enfim, entenderam que é preciso agir com rapidez e eficiência na busca de vacinas para imunizar a população. Caputo pontua que embora apenas 5% da população brasileira foi vacinada, os índices de mortalidade de pessoas idosas reduziram  sensivelmente. “Vacinas temos que ter sempre. Vejam o caso da Influenza. Todos os anos nós temos que nos vacinar”, disse

COMPRA DE 16 MILHÕES DE VACINAS

Caputo destacou o anúncio do Governo do Paraná que já formalizou a intenção de compra de 16 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus. De acordo com a disponibilidade dos laboratórios, o volume de doses pode aumentar.

“Há três meses, no relatório das ações desenvolvidas pela frente em 2020, já recomendamos que o Paraná fizesse esse tipo de sinalização aos laboratórios. Trata-se de uma medida fundamental para colocar o Estado na fila de espera por doses, a fim de complementar o Programa Nacional de Imunização, que caminha a passos lentos”, explica o deputado, que já foi secretário de Saúde do Paraná.

Não deixa de ser um governo paralelo que se estabelece  para que o País possa enfrentar a catástrofe sanitária a que chegamos por incúria, ineficiência e  desqualificação que há muito rompeu qualquer limite e respeito pela condição humana e pela vida dos brasileiros.

COMPRA PODE CHEGAR A 33 MILHÕES DE DOSES

O Governo do Paraná formalizou em oito cartas de intenção encaminhadas neste mês para diferentes laboratórios o desejo de comprar imediatamente 16 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. Essa quantia pode chegar a 33 milhões de doses e depende da capacidade de entrega das farmacêuticas.

Confirmando a negociação, os imunizantes seriam encaminhados para o Ministério da Saúde como forma de incrementar o Programa Nacional de Imunizações (PNI), com distribuição para todos os estados do País conforme regramento do Governo Federal. Essa regra é fruto de um acordo de todos os governadores do País.

“Estamos conversando com diversos laboratórios na tentativa de colaborar com o Ministério da Saúde. O Paraná não parou um só momento em busca de saídas para a vacinação”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior durante encontro com os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Carlos Moisés (Santa Catarina), nesta quarta-feira (17), em Florianópolis.

“Estamos dialogando com fornecedores de todo o mundo, mas aqueles sérios e que tenham capacidade de entregar a vacina”, disse o governador.

O plano deve ganhar mais intensidade justamente pela unificação de estratégias do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina em busca de soluções conjuntas para o enfrentamento ao vírus.

Uma das medidas discutidas pelos governadores dos três Estados é ampliar as reuniões com laboratórios que produzem o imunizante, fazendo com que o grupo fique numa espécie de fila de espera pela vacina. “É um aceno, mostrar que queremos comprar. E se por ventura alguém desistir, estaremos lá dispostos a adquirir os imunizantes”, afirmou o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés.

Há, inclusive, a intenção de formatar um fundo financeiro único entre os três estados com o objetivo de ganhar musculatura no mercado internacional de imunizantes.

CONSÓRCIO PARANÁ SAÚDE

O Consórcio Paraná Saúde é uma estratégia que reúne 398 municípios e desde o início da pandemia é uma opção para acesso direto aos fornecedores. O aporte financeiro do Governo do Estado em eventual formalização será feito por meio da Secretaria de Estado da Saúde.