Por Aroldo Murá

 

Documento distribuído nesta quinta-feira Santa pela Arquidiocese de Curitiba, assinada pela Pastoral do Povo da Rua, condena prefeito Rafael Greca por criminalizar os que doam comida aos pobres que habitam nossas ruas.

A manifestação, um grito dos cristãos, coincide com o mesmo dia em que a própria Arquidiocese começou a coletar alimentos para os pobres entre os mais pobres.

E, não menos importante: quando a comunidade judaica de Curitiba volta à sua campanha de arrecadação de dezenas de milhares de cestas alimentares para saciar a fome dos necessitados.

 

Leia, a seguir, a nota distribuída nesta quinta-feira Santa, 1 de Abril, pela Arquidiocese:

“PASTORAL DO POVO DA RUA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA NOTA DE REPÚDIO

“Escasso alimento é o sustento do pobre, quem dele o priva é um homem sanguinário” (Eclesiástico 34,21).

A Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de Curitiba conhece a luta diária da população em situação de rua e vulnerabilidade social, pois trabalha diretamente com esses irmãos e irmãs através de várias iniciativas, como os projetos Mesa Fraterna – integrado ao Programa Mesa Solidária da Prefeitura de Curitiba – e Emmanuel – em parceria com a Igreja Episcopal Anglicana no Brasil –, além da participação ativa das discussões das políticas públicas no Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-Rua) e COMSEA.

Encorajada pelo Papa Francisco, de que a “promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica” (Mensagem para o 3º Dia Mundial dos Pobres), a Pastoral do Povo da Rua, em conjunto com a Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba, vem a público manifestar-se sobre a Proposição 005.00103.2021, encaminhada pela Prefeitura de Curitiba à Câmara Municipal, em regime de urgência, para votação no dia 30/03/2021.

Após manifestações da Sociedade Civil Organizada, a proposta foi retirada da pauta, esvaziando seu caráter de urgência.

Se aprovada essa proposição, a distribuição de alimento às pessoas em situação de rua poderá ser realizada apenas em locais previamente determinados pela Prefeitura e por pessoas e organizações previamente cadastradas.

Isso terá impacto significativo na oferta de alimento a esta população já vulnerável, em um momento de grande fragilidade devido à Pandemia.

Por isso, a Pastoral do Povo da Rua manifesta repudio ao conteúdo da proposição e recomenda que tal proposição seja discutida pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSEA), com ampla participação de todas as organizações e pessoas que atuam com o povo em situação de rua na cidade de Curitiba