Quando Bolsonaro vai colocar os pés na terra em relação à saúde?
Sobre mais um deboche do presidente Jair Bolsonaro quando disse para “parar de frescura e mimimi” em relação à covid, nã..
Sobre mais um deboche do presidente Jair Bolsonaro quando disse para “parar de frescura e mimimi” em relação à covid, não se deve mais levar em consideração as besteiras insanas que ele fala. O que me chamou a atenção, dois dias após sua trágica manifestação, foi a postagem de um internauta onde diz: “hoje mais 1.750 brasileiros morreram de mimimi…”.
Realmente choca. Não somente as mortes e o desespero das famílias ao verem parentes com a doença e não ter como se tratar por causa do caos na saúde pública. Um médico amigo nos envia um áudio onde relata que passou 15 dias de dificuldades e alerta que a situação é traumática, pois tem 10 clientes com covid e não tem hospital para fazer o necessário procedimento.
E nesta quinta, Bolsonaro voou de Brasília para São Simão (GO), onde participou da cerimônia de inauguração de um trecho da ferrovia Norte-Sul.Em discurso transmitido pela TV Brasil, o presidente afirmou: “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas, respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”.
MIMIMI DE PERVERSIDADE DOENTIA
Alceo Rizzi
Indignidade ultrajante e perversa com o País que adoece, desrespeito à memória dos quase 260 mil brasileiros mortos pelo vírus da pandemia, ouvir de um presidente da República a declaração perturbada e carregada de escárnio e deboche, de que “chega de mimimi”, acrescida de leviana indagação de um ” vão chorar até quando?”
Nem mesmo genocidas acometidos de psicopatias eventualmente mais severas trataram de verbalizar seus sentimentos e comportamentos acintosos contra vidas e contra a dignidade humana, apesar das mentes doentes e sombrias, banalizando com tanta desfaçatez uma tragédia, seja ela sanitária ou por crimes que tenham cometido.
Quando mais se eleva a macabra estatística de cadáveres que o vírus vai acumulando pelo país afora, com a rede hospitalar já em colapso e sem condições de atender doentes infectados pelo vírus e por outras patologias, mais parece que entusiasma o ânimo e sua euforia, para que a incúria e seus delírios mórbidos se manifestem.
Não se trata mais nem de respeito, de discernimento, preocupação solidária com o horror que toma conta do País, é apenas mais uma das reiteradas manifestações de desequilíbrio e de uma alma perversamente atormentada, que parece encontrar satisfação na morbidez, ainda que falsamente, as vezes, queira fazer parecer e demonstrar o contrário.
Chegamos cada vez mais a um ponto em que a História do País terá necessariamente que ser revisitada e revisada um dia. Em memória dos que morrem e já morreram, em respeito aos sobreviventes. (Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal)