Pedro Ribeiro
Foto: Divulgação/LIDE Paraná

Embora o presidente Jair Bolsonaro já deva ter um adjetivo nada republicano para rebater a iniciativa dos jornais Estado de São Paulo, Folha, O Globo, Extra, G1 e UOL que firmaram parceria para contabilizar os números das mortes pela Covid-19, a população terá os números através da imprensa, porém não oficiais.

Esta é uma resposta à decisão de Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia da Covid-19. As empresas de comunicação vão trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal.

O balanço diário será fechado às 20h.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão. Mas o governo reduziu a quantidade e a qualidade dos dados.

Primeiro, o horário de divulgação, que era às 17h na gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta (até 17 de abril), passou para as 19h e depois para as 22h. Isso dificulta ou inviabiliza a publicação dos dados em telejornais e veículos impressos. “Acabou matéria no Jornal Nacional”, disse o presidente Jair Bolsonaro, em tom de deboche, ao comentar a mudança.

A segunda alteração foi de caráter qualitativo. O portal no qual o ministério divulga o número de mortos e contaminados foi retirado do ar. Quando retornou, depois de mais de 19 horas, passou a apresentar apenas informações sobre os casos “novos”, ou seja, registrados no próprio dia.

Desapareceram os números consolidados e o histórico da doença desde seu começo. Também foram eliminados do site os links para downloads de dados em formato de tabela, essenciais para análises de pesquisadores e jornalistas, e que alimentavam outras iniciativas de divulgação.