Pedro Ribeiro

Quando a gente pensa que as coisas podem melhorar ou até mesmo imaginar que há sinalização de uma conduta mais republicana por parte de nossos legisladores, vem a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná perder tempo com uma discussão que ultrapassa os limites da inteligência humana e beira a imbecilidade.

Parlamentares discutem, há mais de uma semana, se concedem ou não título de Cidadão Honorário do Paraná ao empresário catarinense, Luciano Hang, dono da Havan.

Isso prova a imaturidade de certos parlamentares que deixam de lado pautas importantíssimas, como o aumento da tarifa de água, as ações do governador Ratinho Junior para saúde, em especial sobre a epidemia de dengue, que tem levado paranaenses a óbito, estradas sem condições de tráfego e mesmo na educação, para discutir título ao puxa-saco do presidente Jair Bolsonaro.

Não se discute, aqui, a estratégia de maketing empresarial e pessoal do “véio da Havan” que se veste de palhaço e sequer tem o perfil artístico desses profissionais para atingir a mídia e seus interesses pessoais. Colocar faixas na praia chamando Lula de bêbado não leva a nada.

Se vestir de verde-amarelo e até oferecer dinheiro, a exemplo do velho oeste americano, como recompensa para encontrar que o hostilizou, são ações que visam ao ridículo e só servem para chamar a atenção da mídia pequena.

Não sei e não me interessa saber quem propôs o título. Para mim e acredito que para grande parte dos cidadãos paranaenses, existem pessoas mais qualificadas, professores, engenheiros, médicos e até cidadãos comuns que moram em nosso Estado e que merecem uma homenagem ao contrário do catarinense que, no trapézio, usa a mídia para vender seus produtos made in China.

Há uma notoriedade exagerada em torno dessa figura, que alimenta imaginário popular sobre a fortuna e o gigantismo empresarial que construiu em poucos a anos e que se expande cada vez mais. Ninguém questiona o sucesso que tenha alcançado e que outros empresários no País dificilmente tenham conseguido. Há nele um estereótipo completamente inverso da figura do empresário de comportamento sóbrio, não que isso seja atestado de idoneidade.

Muitos desses empresários classificados já foram apanhados por pilhagem de dinheiro público junto com poderosos. A figura do cidadão da Havan ganhou mais notoriedade com a eleição de Bolsonaro, que poderia ser visto como acidente de desaguadouro de repulsa ao que havia.

A concessão de título de cidadão honorário é indireta, tentativa de muitos em querer se aproximar, as vezes de forma bajulatória de alguém que hoje tem fama e dinheiro na tentativa de ser simpático conseguir eventualmente dele algum dinheiro. Em nome de futuras campanhas. Há um cheiro de enxofre e oportunismo em relações desse tipo.