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Como dizia o filósofo dos ringues, Adilson Maguila, o “trabalho danifica o homem”, ao invés de dignifica. Pode ter razão em sua observação tosca quando vemos, agora, documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) onde afirma que trabalhar muitas horas está matando centenas de milhares de pessoas por ano e pode estar piorando devido à desaceleração econômica e ao aumento do trabalho flexível durante a pandemia de Covid-19. No Brasil, o trabalho demais é nocivo às pessoas.

Ao mesmo tempo, a OMS alerta e pede aos empregadores e governos que limitem as horas de trabalho a fim de proteger a saúde dos funcionários.

O primeiro estudo global do tipo revela que 745 mil pessoas morreram em 2016 de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho. Brasil está entre países que têm até 4% da população exposta a longas jornadas

O relatório mostra que as pessoas que vivem no Sudeste Asiático e na região do Pacífico Ocidental são as mais afetadas.

E a OMS avalia que a tendência pode piorar devido à pandemia do coronavírus.

A pesquisa descobriu que trabalhar 55 horas ou mais por semana está associado a um risco 35% maior de AVC (acidente vascular cerebral) e 17% maior de morrer de doença cardíaca, em comparação com uma semana de 35 a 40 horas de trabalho.

O estudo, realizado em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), também mostrou que quase três quartos dos que morreram em consequência de longas jornadas de trabalho eram homens de meia-idade ou mais velhos.

Frequentemente, as mortes ocorreram muito mais tarde na vida, às vezes décadas depois, do que o período em que foram realizadas as longas horas de esforço.

Embora o estudo da OMS não cubra o período da pandemia, especialistas da organização afirmam que o recente avanço do trabalho remoto e a desaceleração econômica podem ter aumentado os riscos associados às longas jornadas de trabalho.

“Temos algumas evidências que mostram que, quando os países entram em lockdown nacional, o número de horas trabalhadas aumenta em cerca de 10%”, diz o técnico da OMS, Frank Pega.

Segundo o relatório, calcula-se que as longas jornadas sejam responsáveis por cerca de um terço de todas as doenças relacionadas a jornada, representando o maior peso entre as doenças ocupacionais.