Pedro Ribeiro
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB)

Embora o Paraná Portal, através desta coluna, tenha apenas publicado um texto de autoria do jornalista Aroldo Murá, como podem observar no início da matéria, vamos respeitar a posição da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná, publicando pedido de resposta, como segue:

resposta ufpd

Tudo porque a aproximação ideológica de Horácio Tertuliano com o presidente Bolsonaro, segundo fontes da vida acadêmica da Federal, garantiria a nomeação de Horácio Tertuliano…

Da coluna Aroldo Murá – A Universidade Federal do Paraná faz eleição nesta terça e quarta-feira, 1 e 2, mas já sabe antecipadamente quem será o reitor: Horácio Tertuliano, professor de engenharia da instituição, que tem como vice a professora de administração Ana Paula Mussi Cherobim. O principal motivo dessa certeza tem em vista a proximidade ideológica de Horácio com o atual presidente da República.

Mas há também outros dois motivos para se acreditar nisso, segundo uma fonte de dentro da própria UFPR: o modo como a equipe do atual reitor e candidato à reeleição o ajudou a comandar a universidade nos últimos três anos e meio, e uma reportagem que pode afetar a condição de gestor público dos últimos reitores da UFPR, todos em campanha pela reeleição de Ricardo Marcelo da Fonseca, que concorre ao lado da professora Graciela Muniz, sua atual vice.

REDUZIDA A PÓ

A dupla Ricardo e Graciela venceu a oposição em 2016, por uma pequena margem de votos e, de acordo com essa fonte, sua equipe teria dedicado o mandato a “reduzir a pó a oposição”, também tida como de centro esquerda, como ele. Foi uma briga na própria trincheira, aliás, muito comum em grupos de esquerda.

Como resultado, esse grupo promete neutralidade, transformando esta eleição no pleito de maior abstenção da história da universidade. Estima-se uma rejeição a ambas chapas superior a 50% dos eleitores aptos; somando, é claro, os efeitos da pandemia, que impede uma campanha mais corpo a corpo, como o atual reitor gostaria.

“VERDADEIRO TRATOR”

O grupo que se opõe aos dois candidatos alega que a equipe de Ricardo Marcelo tem sido “um verdadeiro trator desde que assumiu a reitoria, passando por cima de muita gente, mesmo contra regimentos internos, para conseguir vitória nas eleições internas de gente aliada, desde coordenadores de curso até as direções de setores. Onde não tinha certeza de vitória, criou situações para nomear aliados”, segundo essa fonte. Fatos como esses teriam acirrado ainda mais rixas internas históricas na UFPR, movidas por disputas de poder.

CIDADÃO SÉRIO

Uma outra fonte, também interna à UFPR, acredita que esse jamais foi o objetivo do atual reitor, que prometia trabalhar pela união entre professores e técnicos da instituição, mas “no jogo eleitoral, como já

desejava ser candidato novamente, parece ter decidido não ir contra a tropa”.

Fato é que, para isso, teria feito também vista grossa a questões que, mesmo anteriores a ele, deveriam ter tido um tratamento sério, dedicando impessoalidade na condução administrativa dos recursos públicos, e

acordo com a primeira fonte. Esta outra fonte acredita que ele nunca fora informado disso. “Ele é um homem sério, do Direito, e jamais concordaria com isso, ainda que fosse anterior a sua administração”, diz.

TRABALHAR CONTRA

“O problema que se avizinha é a retomada de uma pauta por um veículo nacional de comunicação, dando boas razões para o atual ministro, a mando do presidente, desconsiderá-lo no momento da nomeação, ainda que saia como primeiro na lista de mais votado. Claro que Bolsonaro nem precisa de motivos para isso. Há pouco mais de uma semana indicou como reitora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, em Mossoró (RN), a terceira colocada na lista tríplice, com apenas 18% dos votos. Horácio estará, na pior das hipóteses, em segundo lugar e com pelo menos 30% dos votos válidos, segundo minha fonte”, lembra uma professora do staff de conselheiros da UFPR, que pede anonimato total.

A QUESTÃO DO EXTERIOR

A tal reportagem trata de professores de universidades públicas brasileiras que foram liberados para fazer pós-graduação, inclusive no exterior, e nunca concluíram. E tampouco devolveram os recursos, que somam salários e, na maioria dos casos, polpudas bolsas, como prevê a legislação. Essa matéria era para ter saído em meados de 2018, mas o veículo preferiu adiá-la em função do processo eleitoral. Em 2019 não retomou a pauta para – segundo me contaram – não dar mais munição aos dois ministros da educação, Ricardo Vélez Rodrigues e Abrahan Weintraub. Agora, com um ministro menos histriônico e vindo de universidade privada, Milton Ribeiro, a pauta estaria sendo retomada.

33 CASOS NA UFPR

A minha fonte, que conhece bem a pró-reitoria de pessoal da UFPR, afirma que pelos menos 33 desses casos, que somariam mais de 500 em todos os institutos e universidades federais brasileiros, estão dentro da UFPR. Dos 16 setores internos da UFPR, haveria casos em pelo menos nove deles. Administradores que acobertaram essas situações podem ser acusados de incorrerem em crimes contra o patrimônio público.

Agora é esperar para ver o estrago que essa reportagem pode fazer em muitos reitores e ex-reitores e a confirmação da nomeação do ministro da Educação, por ordens do presidente. Neste momento, me confidenciam as duas fontes, o que menos importa é o resultado das eleições que ocorrem nos dias 1º e 2 de setembro.

“E olha que o atual reitor, um cidadão acima de suspeitas, é um homem moderado politicamente. Talvez seja parte de uma inofensiva centro-esquerda”, garante um professor titular sentado em seu Gabinete

no Centro Politécnico onde, diz, “não torço pelo Horácio, porque o conheço e a sua capacidade de desaglutinar a universidade…”