Pedro Ribeiro
Foto: DER PR

A exemplo do que disse o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) de que o voto impresso seria uma estratégia de perdedores para deslegitimar as eleições de 2022, esta semana deve ser aprovada pela Câmara de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados  a PEC  que avalia se a matéria é constitucional ou não.

A defesa insistente para a volta do voto impresso vem do próprio presidente Jair Bolsonaro que afirmou ter havido fraude nas urnas eletrônicas em 2018, mas não consegue comprovar. Tem-se quase certo que Bolsonaro perdeu a disputa para implantar o voto impresso como queria.

Onze partidos, incluindo vários do  “Centrão”, aliado do presidente, já avisaram que não aprovariam a PEC caso ela fosse para votação na Câmara e no Senado. Com isso, os bolsonaristas não teriam os 308 votos necessários para mudar as urnas eletrônicas, e a questão sequer deve chegar aos plenários do Congresso.

Se confirmada, a derrota de Bolsonaro significa que o Brasil seguirá em 2022 com a urna eletrônica funcionando exatamente nos moldes das últimas eleições.

A BBC Brasil ouviu  o professor Carlos Melo, cientista político do Insper, em São Paulo, que afirmou: mesmo tendo perdido essa batalha política, Bolsonaro seguirá com sua estratégia de deslegitimar a eleição de 2022 caso seja derrotado nas urnas, com o argumento de que faltaria transparência no sistema eleitoral brasileiro — o mesmo que conduziu o presidente ao mandato em

“O presidente está jogando. Ele está preparado para ter o voto impresso e para não ter o voto impresso. Ele constituiu uma narrativa e seus eleitores acreditam nisso. A questão é: qual é o resultado que sairá das urnas? Ele vai contestar porque faz parte da estratégia dele”, diz.

Segundo Melo, existe ainda o risco de uma repetição no Brasil do que se viu nos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump para Joe Biden, com contestação violenta de resultados. No dia 6 de janeiro, manifestantes pró-Trump, seguindo a orientação do ex-presidente de questionar o resultado das eleições, invadiram o Congresso americano, em um episódio que resultou em cinco mortes. (BBC Brasil)

O QUE FALA ROMANELLI

“A facilidade para a quebra do sigilo do voto de alguns eleitores, fere o meu direito de uma eleição justa. É uma quebra da isonomia”.

Enquanto o Brasil pede socorro nestes tempos amargos, vivendo uma tragédia sem precedentes com mais de 430 mil mortos pela covid-19, resultando numa grave crise sanitária, social e econômica, o seu presidente, Jair Bolsonaro, levanta uma bandeira morta, a do voto impresso, numa demonstração típica de retrocesso democrático.

O sucesso do voto eletrônico no Brasil chamou a atenção do mundo, em especial dos países desenvolvidos que aprovaram a iniciativa também como avanço democrático.

As urnas eletrônicas, introduzidas no país há mais de 20 anos, fez com que o Brasil se tornasse referência mundial, dando resultados das eleições momentos após o encerramento das votações e sem qualquer risco de fraude, como insinua Bolsonaro, eleito pelo voto direto nas urnas eletrônicas.

A volta do voto secreto não é prioridade no Brasil. No momento, serve para atender interesses pessoais do presidente. Voto impresso é voto de curral nos grotões do País, punem territórios dominados pelo crime, seja por traficantes ou por milícias.

Desde que o voto eletrônico foi implantado sempre houve acompanhamento paralelo de apuração por sites. Mesmo que haja eventual possibilidade de fraude, ela se torna muito menor diante do voto impresso. Hoje o sistema da urna eletrônica tem mecanismos seguros de redução da possibilidade de fraude.

Não é mais como no tempo da Proconsult, quando ainda se engatinhava na era cibernética, em que se tentou fraudar a primeira eleição de Leonel Brizola como governador do Rio.  A tentativa de fraude foi grosseira e desmascarada.

Também não podemos comparar aquela época com a de agora, apesar do grande número de hackers que conseguem eventualmente entrar em sistemas como se tentou na última eleição.

O próprio sistema hoje de votação por urna eletrônica tem dispositivo que bloqueia e interrompe o processo quando se detecta qualquer tentativa de invasão.

Segue um roteiro de desacreditar a democracia e o sistema de votação do País, como tentou o presidente dos EUA, o seu principal líder e mentor. Mesmo sendo sistema de voto impresso lá. A questão do voto impresso é apenas pano de fundo, atende a interesses  de propósito que não devem ser os mais honestos.

Não há regime democrático, sem respeito ao resultado das urnas.

Luiz Cláudio Romanelli, deputado estadual