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Advogado dos Bolsonaros ataca procuradora e chama Coaf de organização criminosa

Advogado dos Bolsonaros, Frederick Wassef apresentou ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) uma reclamação di..

Advogado dos Bolsonaros, Frederick Wassef apresentou ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) uma reclamação disciplinar contra a procuradora da República Márcia Brandão Zollinger.

Em junho, Zollinger recomendou o arquivamento do inquérito aberto para apurar possíveis irregularidades na elaboração de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre transações financeiras de Wassef, que é amigo do presidente Jair Bolsonaro e de sua família.

Wassef contesta a veracidade do relatório produzido pelo Coaf –para ele, um covil de organização criminosa do qual se diz vítima.

Apesar de a Justiça Federal já ter determinado a continuidade das investigações a despeito da manifestação da procuradora, no dia 8 de outubro Wassef requereu instauração de processo administrativo disciplinar contra Zollinger.

O caso corre em segredo de Justiça. Nem o CNMP nem Zollinger se manifestaram sobre esse pedido.

Na reclamação que assina, Wassef afirma que a procuradora “fez parecer que o Coaf nada fez de errado e agiu dentro da legalidade, o que é vergonhosa mentira e um sofisticado ardil para enganar a todos, com o único e claro objetivo de blindar e proteger a organização criminosa que está infiltrada dentro do Coaf”.

“Na contramão do Ministério Publico Federal, sem qualquer justificativa ou motivo plausível -além de contrariar frontalmente a ordem do TRF da 1ª Região-, a reclamada pronunciou-se pelo arquivamento extemporâneo e prematuro da investigação, logo em seu nascedouro, no inicio do inquérito policial sem que houvessem sido iniciados os trabalhos da Policia Federal em verdadeira interdição da produção de provas, impedindo a ação e os trabalhos da Policia Federal, obstruindo a Justiça, descumprindo determinação judicial, agindo como se fosse advogada de defesa dos criminosos que estão infiltrados no Coaf”, escreveu Wassef.

No documento encaminhado ao corregedor do Ministério Público, o advogado afirma que a procuradora mentiu deliberadamente ao afirmar que existe movimentação financeira atípica em sua conta.

“Essas informações falsas e fraudulentas foram passadas e criadas exatamente pelos mesmos criminosos do Coaf. A reclamada assim procedeu para proteger os criminosos do Coaf e tentar encerrar a investigação, justamente por saber que no curso da investigação ficaria provado que tais informações são falsas e que o reclamante jamais teve conta em tais bancos”, repetiu.

Wassef queixa-se ainda da divulgação de peça de inquérito policial, incluindo seus dados pessoais, no site do Ministério Público Federal.

Segundo ele, a notícia disponibilizava link de acesso à manifestação subscrita pela procuradora, na qual havia a transcrição de 34 comunicações relativas a movimentações financeiras que constavam do relatório.

Há um ano, Polícia Federal abriu inquérito para investigar a movimentação financeira de Wassef, a partir de relatório do Coaf. Em janeiro de 2021, o TRF-1 anulou esse relatório que apontava suspeitas nas transações financeiras do advogado, encerrando a investigação.

Em fevereiro, determinou abertura de inquérito para investigar irregularidades na elaboração do relatório pelo Coaf. Sem concluir a investigação, a PF pediu dilação de prazo para sua realização.

Em junho, a Procuradoria recomendou o arquivamento das investigações. Para o MPF, o Coaf apenas produziu e enviou o documento para órgãos de fiscalização seguindo critérios técnicos e de forma impessoal após receber 34 comunicações de transações atípicas do advogado.

Em agosto, a Justiça Federal em Brasília determinou que a Polícia Federal desse continuidade às investigações. O juiz Francisco Codevila, da 15ª Vara Criminal, negou o pedido de arquivamento, por considerá-lo prematuro.

Em pé de guerra com o Coaf, Wassef decidiu apresentar reclamação contra a procuradora. Cita abuso de autoridade e prevaricação como condutas eventualmente praticadas por ela.