Bolsonaro interrompe trégua e retoma ataques ao sistema eleitoral

No passado, Bolsonaro já afirmou diversas vezes, sem apresentar provas, que havia vencido as eleições de 2018 no primeiro turno.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar neste sábado (12) a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Ao mais uma vez criar a sua versão dos fatos, o chefe do Executivo afirmou que as Forças Armadas levantaram “dezenas de dúvidas” sobre o sistema, que não foram respondidas dentro do prazo pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bolsonaro concedeu entrevista na manhã deste sábado (12) à rádio Tupi de Campos dos Goytacazes (RJ). O entrevistador foi o ex-governador Anthony Garotinho, que levou uma conversa cordial, ao abordar apenas temas de interesse de Bolsonaro e abrir margem para ele discorrer sobre as realizações de seu governo.

O apresentador do programa questionou o presidente sobre a visão dele sobre a diferença entre a sua posição nas pesquisas de intenção de votos e a popularidade que ele verifica em suas viagens pelo país.

Bolsonaro então criticou os institutos de pesquisa e aproveitou para novamente criticar o sistema eleitoral brasileiro. Disse ver com “preocupação” a situação e disse que o sistema não é da “confiança de todos nós”.

“E agora a gente vê com preocupação. Não quero entrar em detalhes, mas temos um sistema eleitoral que não é de confiança de todos nós ainda.”

“A máquina, tudo bem, a máquina não mente. Mas quem opera é um ser humano. Então ainda existem muitas dúvidas no tocante a isso e a gente espera que nos próximos dias a gente tire essa dúvida”, afirmou o presidente da República.

Assim como já havia feito em sua live na última quinta-feira, Bolsonaro voltou a afirmar que as Forças Armadas levantaram “dúvidas” sobre o sistema eleitoral. Acrescentou que pedidos de esclarecimentos foram enviados ao TSE e que “nada responderam”.

Afirmou ainda que o ministro Walter Braga Netto (Defesa) vai procurar o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, para cobrar as informações que foram solicitadas pelo “nosso pessoal da guerra cibernética”.

Em segundo lugar nas pesquisas, diante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro ignora os fatos ao tentar colocar em conflito Forças Armadas e TSE.

Os militares mais uma vez fazem parte de um grupo de apoio da Justiça Eleitoral e enviou ainda no ano passado uma série de questões para que o TSE pudesse aprofundar sobre urnas e contagem dos votos.

O Judiciário entrou em recesso, retomou os trabalhos na semana passada e irá responder às questões nos próximos dias.

Na entrevista deste sábado, o presidente da República também reforçou que as Forças Armadas foram convidadas para integrar a comissão de acompanhamento das eleições. Disse que o governo vai “participar da primeira à última fase, do código-fonte à sala secreta”.

“Eu posso adiantar para você que o presidente do TSE, ministro Barroso, convidou várias instituições para participar das eleições do corrente ano. As Forças Armadas foram convidadas e eu sou o chefe supremo das forças armadas. Então nós aceitamos e vamos participar da primeira à última fase, do código-fonte à sala secreta.

A nova onda de críticas ao TSE havia começado na quinta-feira, durante transmissão ao vivo na internet. Bolsonaro havia dito esperar “eleições limpas”, mas que as Forças Armadas haviam apontado “dezenas de vulnerabilidades” no sistema eleitoral.

No passado, Bolsonaro já afirmou diversas vezes, sem apresentar provas, que havia vencido as eleições de 2018 no primeiro turno.

Também chegou a marcar uma transmissão ao vivo para apresentar as provas que tinha contra a confiabilidade das urnas eletrônicas e que o pleito havia sido fraudado. No entanto, apenas trouxe teorias que circulam há anos na internet, sem comprovação.

Durante a entrevista a Anthony Garotinho –ex-aliado do PT e que chegou a ser preso por acusações de corrupção, que nega ambos– também comentaram os ataques que sofrem da mídia, citando em específico a TV Globo. Bolsonaro disse que é um “herói nacional” por resistir três anos de ataques.

Garotinho e Bolsonaro iniciaram uma aproximação no fim de janeiro, durante viagem do presidente para a região de influência da família do ex-governador. Participaram juntos de inaugurações ligadas ao setor de energia.