Foto: DER PR

Damares quer proibir filme da Netflix que discute erotização infantil

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, pediu que a Netflix suspenda a ve..

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, pediu que a Netflix suspenda a veiculação do filme Lindinhas (Cuties, em inglês) do catálogo disponível no Brasil. A película francesa discute os problemas da erotização infantil, mas o governo entende que há “conteúdo pornográfico envolvendo crianças”.

O ministério de Damares Alves pediu formalmente a abertura de uma investigação sobre a distribuição do filme no Brasil. A solicitação foi encaminhada à coordenação da Copeij (Comissão Permanente da Infância e Juventude), no Distrito Federal.

O filme Lindinhas (Cuties), uma produção original da Netflix na França, tem classificação indicativa de 16. O roteiro discute exatamente o oposto do que o governo federal alega. A cineasta Maïmouna Doucouré contou em entrevista à AP que o argumento do filme foi construído a partir da observação de crianças que imitam o comportamento adulto.

Segundo a diretora, a sexualização da mulher na sociedade também reflete o comportamento das jovens e crianças. “Nossas meninas notam que, quanto mais uma mulher é excessivamente sexualizada nas redes sociais, mais ela tem sucesso. As crianças apenas imitam o que veem, tentando alcançar o mesmo resultado sem entender o significado”, disse Doucouré. “É perigoso.”

No entanto, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos não avalia dessa forma. Na prática, Damares Alves imita as mesmas atitudes dos senadores republicanos Ted Cruz e Tom Cotton, que pediram que o filme fosse investigado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Críticos de Cinema avaliaram que os senadores conservadores não tiveram a capacidade intelectual para compreender que a produção francesa faz críticas ao comportamento. Em comunicado, a Netflix afirmou que o filme Lindinhas (Cuties) trata de um “comentário social contra a sexualização de crianças pequenas”.