Depois de uma decisão da Justiça, o médico veterinário Flávio Cassou, delator da operação Carne Fraca, deixou a prisão onde estava detido desde março deste ano.
Em despacho desta segunda-feira, o juiz Marcos Josegrei, da 14ª Vara Federal de Curitiba, determinou restrições ao acusado. Além de pagar uma fiança de 70 mil reais, Cassou não pode deixar o país, não pode se ausentar da residência sem comunicar às autoridades e deve comparecer à Justiça Federal a cada dois meses para justificar as atividades e manter endereço atualizado.
Delator
Na semana passada, em depoimento ao juiz, Cassou denunciou o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal, de receber uma mesada de R$ 20 mil no esquema da “Carne Fraca”, em que funcionários do Ministério da Agricultura faziam “vista grossa” às irregularidades dos produtos.
Flávio Cassou afirmou que o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, repassava os valores a Sérgio Souza. Cassou afirmou ainda que Souza não era o único deputado a receber suborno, mas não revelou outros nomes.
Por meio da assessoria, o deputado Sérgio Souza negou as acusações:
“Nunca mantive contato com nenhum executivo da JBS. Também nunca recebi nenhum valor desse senhor nem mesmo doação da empresa JBS.”
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Operação Carne Fraca
A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, teve início em 17 de março deste ano e desarticulou um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e donos de frigoríficos nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Segundo as investigações da PF, os fiscais alvos da operação recebiam propina das empresas para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne, o que permitia a venda de produtos com prazo de validade vencido.
Logo que a operação foi deflagrada, o Brasil recebeu 374 comunicados oficiais envolvendo demandas de 93 países. O ministério da Agricultura suspendeu as autorizações para a produção e a exportação de todos os estabelecimentos citados na Operação. Ao todo, foram citadas 21 empresas e recolhidas 762 amostras para análise. Dez delas apresentaram problemas mais graves que poderiam afetar a saúde dos consumidores, como a presença, em sete delas, da bactéria Salmonella, em hambúrgueres.
Após a Operação, 33 servidores foram afastados e 11 processos administrativos disciplinares foram abertos. Os servidores envolvidos que ocupavam cargos de chefia foram exonerados.