
Mudanças na previdência dos servidores estaduais são aprovadas em segundo turno na Alep
Jorge de Sousa
10 de dezembro de 2019, 23:49
Deputados do Paraná foram ameaçados de morte antes de aprovarem a reforma da Previdência no estado. Os parlamentares rec..
Vinicius Cordeiro - 11 de dezembro de 2019, 08:00
Deputados do Paraná foram ameaçados de morte antes de aprovarem a reforma da Previdência no estado. Os parlamentares receberam um e-mail e um áudio de WhatsApp dizendo que eles e suas famílias seriam exterminados caso fossem favoráveis ao projeto do governador Ratinho Junior (PSD), que alinha as regras estaduais àquelas estabelecidas pelo governo federal.
"Se a reforma da previdência do Paraná for aprovada, serei obrigado a realizar um plano de extermínio de Vossas Excelências e suas proles. Mas, somente para aqueles que votarem a favor desse absurdo proposto pelos governos liberais (Federal e Estadual). Sem mais delongas e historinhas para que vocês reflitam sobre isso. Deixo aqui meus cumprimentos àqueles que são contra esse absurdo", diz trecho da ameaça, enviada no dia 28 de novembro.
Ameaça encaminhada aos deputados favoráveis à reforma da Previdência no Paraná. (Reprodução)
Ainda não se sabe quantos deputados receberam a mensagem, mas o caso já está sendo investigado pela Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes), da PCPR (Polícia Civil do Paraná). Contudo, a investigação ocorre em sigilo e ninguém se pronunciará sobre o assunto.
A assessoria do presidente da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), o deputado Ademar Traiano, confirmou a ameaça à reportagem.
"A maioria dos deputados recebeu esse e-mail de ameaça aos parlamentares e seu familiares. Também rodou um áudio pelo WhatsApp dizendo às pessoas que não adiantava fazer um processo de discussão, mas a invasão da Assembleia. O áudio existe, é real e em função disso, tomamos a cautela necessária", disse Traiano, ontem (10), durante coletiva de imprensa.
A polícia está em processo de investigação, ouvindo alguns parlamentares para instruir o processo. Nosso desejo é chegar até a pessoa que encaminhou os e-mails", completou.
A PEC já foi publicada no Diário Oficial na semana passada e passa a valer assim que for regulamentada, já que alterações na Constituição precisam apenas do aval do Legislativo e não passam pelo crivo do governador.
A aprovação da proposta instituiu mudanças nas aposentadorias dos servidores públicos e alteraram as regras da aposentadoria do funcionalismo público do Paraná.
Entre as alterações, estava o aumento da contribuição dos servidores de 11% para 14% e o estabelecimento de idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres.
Segundo a administração estadual, o objetivo da proposta foi “estancar o crescimento do deficit já existente para o pagamento de aposentadorias e pensões” no Paraná.
Balcões da Assembleia Legislativa do Paraná foram ocupadas pelos servidores. (Divulgação / Alep)
A tramitação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) causou a suspensão da Sessão Plenária, porque os servidores ocuparam a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná). Na ocasião, a matéria não estava em pauta, mesmo assim, em greve, os manifestantes e protagonizaram batalhas com a PMPR (Polícia Militar do Paraná). Ela seria analisada apenas pela Comissão Especial formada no legislativo.
De acordo com a APP Sindicato, cerca de 5 mil servidores estavam na Praça Nossa Senhora do Salete, localizada em frente ao prédio da Alep, antes da ocupação. Durante a manhã, houve uma marcha desde a Praça 19 de Dezembro até o local.
Por causa disso, o presidente Ademar Traiano pediu a transferência do local da votação para a Ópera de Arame, um dos maiores pontos turísticos de Curitiba. Com mais de 800 policiais, a PMPR montou um forte esquema de segurança, preparado para suportar três dias de votação.
Contudo, a votação durou menos que o esperado e terminou no início da noite. Depois disso, os deputados da oposição foram à Justiça e tentaram suspender o resultado. Contudo, o desembargador Luiz Osório Moraes Panza negou o pedido.
43 deputados foram a favor e nove votaram contra a reforma da Previdência. O único deputado ausente na votação foi Gilberto Ribeiro, enquanto o presidente da Alep, Traiano, não vota.
Confira como cada deputado votou.