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Diretor do Butantan afirma que, após fala de Bolsonaro, negociação com governo ficou suspensa por três meses

Diretor do Butantan afirma que, após fala de Bolsonaro, negociação com governo ficou suspensa por três meses

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o protocolo de intenções para a venda de vacinas para o Minist..

Julia Chaib - Folhapress - quinta-feira, 27 de maio de 2021 - 12:27

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o protocolo de intenções para a venda de vacinas para o Ministério da Saúde foi assinado em 19 de outubro, mas ficou em “suspenso” por quase três meses. O período coincidiu com falas do presidente Jair Bolsonaro, de que não compraria a vacina Coronavac.

Covas afirmou que poderia ter entregue 100 milhões de doses até maio, se houvesse uma definição. Havia condições, segundo o diretor, de entregar 10 milhões de doses até dezembro de 2020. A Anvisa aprovou o uso da Coronovac em janeiro.

“Não houve mais progresso nas tratativas até janeiro. A partir daquele momento , nosso caminho era outro, era o entendimento com estados e municípios”, afirmou.

À CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello negou que tivesse recebido ordens de Bolsonaro para romper as tratativas.

POSIÇÃO IDEOLÓGICA DO GOVERNO

Em depoimento à CPI da Covid, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou ser “indiscutível” que uma posição mais pragmática do governo brasileiro facilitaria a liberação de insumos pela China.

Covas afirmou que teve uma reunião com o embaixador da China no Brasil, acompanhados de ministros brasileiros, como o chanceler Carlos França e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Nessa ocasião, o embaixador teria deixado claro que falas de autoridades brasileira, como o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, poderiam afetar a relação e a entrega de insumos.

“O embaixador deixou claro que posições que são antagônicas causam inconformismo no lado chinês”, afirmou.

Covas ainda afirmou que a substituição do chanceler Ernesto Araújo por Carlos França aumentou o diálogo com o governo federal e representou uma “evolução na postura”.

CAMPANHA DIFAMATÓRIA

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a campanha difamatória contra a Coronavac nas redes sociais atrapalhou o recrutamento de voluntários para os testes clínicos.

“Em outubro dificuldades de recrutamento, algo que não tinha antes dos ataques deferidos. Essa percepção pública desapareceu e hoje o apoio à vacina nas pesquisas de opinião é elevadíssimo”, afirmou.

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