O ex-tesoureiro do PP (Partido Progressista), João Claudio Genu, é apontado pela força-tarefa Lava Jato do MPF (Ministério Público Federal) como o chefe do esquema de corrupção na área de fretamento de navios pela Petrobras. Os fatos são investigados na 70ª fase da Operação Lava Jato deflagrada, nesta quarta-feira (18), denominada de operação Óbolo.
Segundo a Polícia Federal, a nova fase é a continuidade de investigações que remontam o início da Operação Lava Jato, em 2014. O objetivo é colher provas de corrupção de agentes públicos, organização criminosa e lavagem de dinheiro. São alvo de investigações contratos de afretamentos firmados com o armador Maersk e contratos intermediados envolvendo os shipbrokers Tide Maritime e Ferchem.
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro Costa, o ex-tesoureiro comandava o sistema de contratos para o fretamento de navios. “Isso nos chama muita a atenção. Por que um ex-tesoureiro de um partido estaria dando pitaco em contratos da Petrobras? Ele gerenciava um esquema de corrupção na área de fretamento de navios. Ele era responsável por coletar valores e mantinha com Eduardo Autran (gerente-executivo de Logística da Petrobras) e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da petroleira) uma interlocução para ter consciência total das demandas da Petrobras e quais contratos seriam celebrados”, explicou.
O MPF apreendeu um celular com João Cláudio Genu na operação Politeia do Supremo Tribunal Federal, que foi compartilhado com a primeira instância. No aparelho foram colhidos diálogos que apontam que ele atuava na Petrobras e direcionava contratos de afretamentos para os armadores representados pela Tide Maritime e pela Ferchem.
Dentre as evidências que embasam as suspeitas, destaca-se uma conversa mantida entre Genu e Gustavo de Sá, da Tide Maritime, que tratava da reestruturação da diretoria de Abastecimento da Petrobras após a saída de Paulo Roberto Costa. No diálogo, Genu relatou ao empresário da Tide Maritime que poderia ficar tranquilo, pois ele e “Niterói” ficariam bem. O codinome “Niterói”, segundo o MPF, é alusivo a Pedro Blyth, da Ferchem.
Genu já foi condenado no Mensalão e na operação Lava Jato por envolvimento em esquemas de corrupção. “É muito suspeito que o empresário de uma empresa mantenha interlocução com Genu para tratar de assuntos de fretamentos. Isso pra gente é altamente suspeito e tendo em vista que Genu é um condenado da Lava Jato e do Mensalão é difícil acreditar que esses contratos não tinham esquema de corrupção”, afirmou o procurador.
Genu foi solto no fim de novembro, após a decisão do Supremo Tribunal Federal que mudou o entendimento sobre a possibilidade prisão após condenação em segunda instância.
A reportagem do paraná Portal entrou em contato com a defesa de João Cláudio Genu, mas ainda não obteve retorno.
Em nota, a Maersk confirma que seus escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo foram alvos das autoridades hoje e ressalta que irá colaborar com as investigações. No entanto, como se trata de uma investigação em andamento, não podemos comentar mais nada neste momento.