O empresário Ronan Maria Pinto, preso desde abril e réu da 27ª fase da Operação Lava Jato, conseguiu um habeas corpus para cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, podendo deixar o presídio após pagamento de fiança no valor de R$ 1 milhão.
O benefício foi concedido por unanimidade, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
O investigado responde pelo crime de lavagem de dinheiro. Dono do Diário Grande ABC, Ronan teria recebido a metade do empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões, feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, junto ao Banco Schahin, em 2004, de acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF). A dívida teria sido quitada com a assinatura de um contrato entre a Schahin Engenharia e a Petrobras para a operação de um navio sonda, no valor de aproximadamente US$ 2 bilhões.
A suspeita é que ele teria extorquido representantes da alta cúpula do PT para receber o valor. A chantagem ainda não foi confirmada pelo MPF. Para o repasse do dinheiro, teria sido montado um esquema criminoso com o apoio de pessoas ligadas ao PT, como o ex-tesoureiro, Delúbio Soares.
O caminho do dinheiro está comprovado pelo MPF, mas a única versão que cita a suposta chantagem é de Marcos Valério, principal operador do mensalão. Em delação, Valério disse ter recebido de Silvio Pereira, ex-secretário do PT, um pedido para mediar o empréstimo da Schahin.
Valério disse que negou ajuda, mas soube que Pinto extorquia o primeiro escalão do partido, inclusive o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Lula. Segundo ele, Pinto disse que precisava do dinheiro para comprar parte do Diário do Grande ABC, em Santo André, que o estava vinculando à morte do ex-prefeito Celso Daniel (PT) em 2002.
No despacho que autorizou a prisão do empresário, o juiz Sérgio Moro afirmou que é possível que o caso “tenha alguma relação” com o assassinato de Celso Daniel. Tanto Ronan Pinto quanto Silvio Pereira, que ficou preso por cinco dias, negam as acusações.
Pereira diz não saber o destino do dinheiro emprestado pelo banco Schahin Pinto reconheceu que tomou o empréstimo da em-presa Remar (apontada pela investigação como penúltima “parada” do dinheiro saído da Schahin), mas que não sabe da origem dos recursos.
Logo após a prisão, Ronan Maria Pinto teve um pedido de habeas corpus negado pelo mesmo tribunal.