O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, afirma que foi positiva a reunião com Jair Bolsonaro (sem partido) na manhã desta terça-feira (23) e que não tem nenhum contato com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desde 2016. Segundo ele, o encontro no Palácio do Planalto durou cerca de uma hora e meia, mas ainda não há a definição se vai assumir o MEC (Ministério da Educação) e suceder Abraham Weintraub.
“Foi super positivo. Eu fiquei muito impressionado com o presidente, muito estadista realmente e muito preocupado com a educação e o que a gente precisa fazer para chegar a ser um país desenvolvido na área educacional. Esse foi o principal assunto”, disse Feder ao Paraná Portal.
Entre os temas abordados, interlocutores relatam que Feder e Bolsonaro conversaram sobre o uso da tecnologia no retorno das aulas e também o plano em relação às escolas cívico-militares, uma das bandeiras do governo federal.
O que não foi comentado na reunião com o presidente foi o apoio fornecido a João Doria na disputa eleitoral à Prefeitura de São Paulo. Quatro anos atrás, o secretário desembolsou R$ 120 mil e foi o quinto maior doador, entre pessoas físicas, da campanha.
“Eu apoiei em 2016, então já faz bastante tempo. Não tive mais contato com ele desde então e isso nem chegou a ser comentado pelo presidente”, completou Feder.
DEFESA DO FIM DO MEC FICOU NO PASSADO, DIZ FEDER
Outro ponto que está sendo levantado no histórico de Feder é o livro “Carregando o Elefante – Como Transformar o Brasil no País Mais Rico do Mundo”, publicado em 2007. Na obra escrita em parceria com o empresário Alexandre Ostrowiecki, Feder defendeu o fim do Ministério da Educação, a privatização total das escolas e também a criação de um sistema de vouchers educacionais.
“Eu era um garoto de 20 e poucos anos. Discordo muito do que está escrito no livro. Os vouchers que eu escrevi lá não fazem o menor sentido. Vários países tentaram e todos os resultados não teve o efeito esperado, então não faz o menor sentido defender essa prática”, declarou.
Feder conta com grande apoio de grande parte dos apoiadores do presidente para assumir o Ministério da Educação. O governador do Paraná, Ratinho Junior é aliado do presidente e já deu sinal positivo para a nomeação. Vale lembrar que o partido de Ratinho é o PSD, uma das legendas do centrão que forma a base de Bolsonaro no Congresso.
A reportagem ainda obteve informação que ele diversos empresários aliados ao governo Bolsonaro, como Meyer Nigri, dono da Tecnisa, e Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que têm conversas constantes com o presidente, também defendem a nomeação do secretário estadual.
Apesar da reunião, Bolsonaro não tem prazo para bater o martelo em relação ao novo ministro. Por enquanto, quem está no cargo é o interino Antonio Paulo Vogel, secretário executivo do MEC.
SECRETARIA NO PARANÁ JÁ TEM PLANO CASO FEDER VIRE MINISTRO
Caso a nomeação de Feder seja definida por Bolsonaro, o favorito para assumir a chefia da Secretaria do Paraná é Gláucio Dias, atual diretor-geral e braço direito do atual secretário.
A boa relação entre os dois será uma vantagem para o Paraná, que possuirá uma uma linha direta com o eventual ministro. Esse foi um dos motivos que fez o governador Ratinho Junior sinalizar positivamente para a nomeação de Feder. A ideia é que o Estado se torne um piloto na eventual gestão de Feder.
CARREIRA DE RENATO FEDER

Renato Feder já trabalhou como assessor voluntário da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e, antes de assumir a Secretaria no Paraná, era empresário do setor de tecnologia. Também foi professor da Educação de Jovens e Adultos de matemática por dez anos e diretor de escola por oito anos. Ele é formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Por fim, ele também foi presidente da fabricante de eletrônicos Multilaser, em São Paulo.