Sem citar Bolsonaro, Pacheco afirma que tem faltado respeito nas relações entre os Poderes

Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afir..

Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que tem “faltado respeito” entre os poderes e citou como exemplo o uso de redes sociais para discutir questões que deveriam ser abordadas “em alto nível”.

Pacheco também criticou indiretamente a atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus, afirmando que a doença nunca deveria ter sido “menosprezada” e sim deveria ter sido “enfrentada desde o início”.

As críticas do presidente do Senado e do Congresso Nacional foram feitas durante sua fala na abertura da convenção da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), no início da tarde de segunda-feira (20).

Pacheco defendeu quatro conceitos importantes para o Brasil nesse momento: união nacional, respeito, responsabilidade fiscal e otimismo.

Ao tratar especificamente de “respeito”, Pacheco afirmou que tem faltado respeito entre as instituições e poderes. Não citou o presidente Jair Bolsonaro, mas alegou que um dos problemas é o uso das redes sociais para criar instabilidade.

Bolsonaro é o único chefe de poder no Brasil que usa suas contas em redes sociais para atacar outros poderes, chegando a usar esse meio para anunciar que pediria o impeachment de dois ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

“O segundo conceito importante é o do respeito. Eu considero que tem faltado respeito ao país, especialmente nas relações institucionais, nas relações entre os poderes, permitindo-se inclusive discutir essas relações através de redes sociais ou coisa que o valha, quando isso deveria estar sendo discutido em alto nível”, afirmou.

Pacheco também afirmou que a união nacional é importante para “descortinar um rumo diferente para o Brasil”, após o enfrentamento da pandemia.

Complementou que isso não significa a “aceitação de tudo o que há” ou uma convergência absoluta de propostas.

Pacheco também afirmou que os brasileiros precisam ser otimistas, repetindo uma frase que vem adotando, de que é preciso combater o negacionismo e o negativismo. No entanto, afirmou que existe uma condição para a instauração desse clima de otimismo, que é dentro do Estado democrático de direito e da democracia. Novamente sem citar Bolsonaro, citou a necessidade de combater retrocessos.

“Nenhum retrocesso ao estado de direito, nenhum retrocesso à democracia. Eu tenho absoluta convicção que ninguém assimilará ideia que imponha algum tipo de retrocesso nesses dois conceitos de estado de direito e de democracia no nosso país”, afirmou.

Cotado como candidato a presidente nas próximas eleições presidenciais, em 2022, Pacheco propôs que temas eleitorais sejam discutidos apenas no ano eleitoral e pediu cooperação para o momento atual.

Nesse momento, afirmou que o Congresso nunca vai ser subserviente ao governo federal ou a qualquer outro poder.

“Temos que cooperar entre nós agentes políticos e partidos políticos, independente de partidos políticos, independente de ideologias, o que não significa que jamais seremos subservientes ao governo federal, jamais estaremos subjulgados ao poder judiciário”, afirmou.

Em outro momento de divergência com o governo, Pacheco afirmou que a pandemia não deveria ter sido menosprezada. A fala aconteceu no momento em que lembrou dos três senadores que morreram em decorrência da Covid-19.

“Senador Arolde de Oliveira, senador José Maranhão e senador Major Olimpio, infelizmente, sucumbiram essa doença maldita, que nunca poderia ter sido menosprezada ou menoscabada , mas devia ter sido enfrentada desde o início”, completou.