
Presidente da OAB critica Augusto Heleno e ameaça do GSI: Saia de 64
Angelo Sfair
22 de maio de 2020, 16:15
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a divulgação do vídeo que mostra Jair Bolsonaro ..
Redação - 22 de maio de 2020, 16:58
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a divulgação do vídeo que mostra Jair Bolsonaro (sem partido) e Sergio Moro durante a reunião interministerial do dia 22 de abril. Veja a decisão aqui.
Com isso, o magistrado atende parcialmente o pedido da defesa do ex-ministro. O vídeo será divulgado, em instantes, no site do STF. Contudo, algumas falas, sobre a China e Paraguai, foram cortados.
O registro audiovisual é peça chave no inquérito que investiga as acusações de Moro, em seu pedido de demissão, contra o presidente. Segundo Moro, o vídeo comprova que o Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF (Polícia Federal) e cobrou relatórios de inteligência.
A decisão de Mello foi tomada nesta sexta-feira (22). O ministro do STF assistiu, pela primeira vez, a íntegra do vídeo na segunda-feira (18) e divulgou que a decisão sairia até às 17h de hoje.
Na semana passada, o ministro Celso de Mello autorizou diversos depoimentos sobre as acusações. Além de Moro, foram ouvidos o ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo; os ministros Walter Braga Neto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional); a deputada federal Carla Zambelli, entre outros.
Nesta semana, o empresário Paulo Marinho e outros delegados da PF foram ouvidos. Hoje cedo, Celso de Mello pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) para apreender os celulares de Bolsonaro e seu filho, Carlos, além do depoimento do próprio presidente. Com isso, é esperada a manifestação de Augusto Aras, que não tem prazo limite para definir sobre os pedidos.
A investigação sobre as acusações de Moro foi pedida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e aceita pelo STF, com Celso de Mello sendo sorteado o ministro a ser o relator do caso.
O vídeo foi exibido, em sua íntegra, para todas as partes envolvidas no inquérito na manhã da terça-feira (12) da semana passada. A defesa de Moro disse que o vídeo comprova as declarações do ex-ministro enquanto Bolsonaro afirmou que não se preocupa e que o registro deveria ter sido destruído.
No final do dia, o ministro Celso de Mello deu prazo de 48 horas para as partes se posicionarem - a favor ou contra - sobre a retirada do sigilo, ou seja, divulgação do vídeo da reunião de ministros.
A defesa de Moro foi a primeira a encaminhar seu pedido, defendendo a divulgação do vídeo.
Contudo, a AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o presidente Bolsonaro, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestaram contra à divulgação integral do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril.
Segundo AGU e PGR, apenas dois trechos, que abordam as falas de Bolsonaro sobre a PF, devem ser publicados.
Entretanto, essas falas já foram transcritas - pela própria AGU - e vieram a público. Contudo, a defesa de Moro diz que esse recorte do vídeo omite "trechos relevantes" da reunião.
No último domingo (17), um novo elemento surgiu na investigação contra o presidente. O empresário Paulo Marinho, em entrevista à Folha de S. Paulo, disse que Flávio Bolsonaro foi avisado que a PF iria deflagrar uma operação que tinha, como alvos, Carlos Queiroz e sua filha, funcionários do filho do presidente em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Segundo Marinho, um delegado da PF foi quem informou Flávio, aconselhando-o a demitir Queiroz e sua filha. Esse delegado "simpatizava" com a candidatura de Jair Bolsonaro e sabia que a operação poderia afetar a imagem da família Bolsonaro durante as eleições de 2018.
Flávio relatou todo o episódio para seu pai, que o aconselhou demitir Queiroz e a filha. Assim Flávio fez: exonerou ambos no dia 15 de outubro de 2018, antes da operação ser realizada.
Esse relato de Paulo Marinho implica no interesse de Bolsonaro de obter o comando da PF no Rio de Janeiro, apresentado por Moro em seu depoimento. O ex-ministro relatou que o presidente o cobrou uma vez falando a seguinte frase: "Você tem 27 superintendências e eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro". Ou seja, Bolsonaro gostaria de controlar a PF para afobar esse caso.
Com isso, Marinho prestou depoimento nesta quarta-feira (20).