O procurador de Justiça e ex-coordenador da Força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol será julgado nesta terça-feira (8), pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), por tentar interferir na eleição da presidência do Senado em 2018. Na época, o então coordenador da Lava Jato disse em suas redes sociais que a pauta anticorrupção não avançaria caso Calheiros fosse eleito.
A denúncia foi feita pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o julgamento havia sido suspenso depois da decisão do STF (Supremo Tribunal de Justiça), pelo ministro Celso de Mello.
A pedido da da AGU (Advocacia-Geral da União), na última sexta-feira (4), o ministro Gilmar Mendes, suspendeu decisão do colega da Corte, Celso de Mello, que impedia o julgamento.
Mendes autorizou o julgamento com base no período de prescrição do processo. O CNMP deve iniciar o julgamento de Deltan às 9h.
Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba rebatem a decisão de Gilmar Mendes porque o tema já teria sido apreciado e arquivado pela Corregedoria do MP.
No último domingo (6) os procuradores publicaram um vídeo no qual contestam o julgamento de Deltan Dallagnol.
ACOMPANHE O JULGAMENTO DE DELTAN DALLAGNOL DO CNMP
PROCURADORES DA FORÇA-TAREFA DA LAVA JATO DIVULGAM VÍDEO EM APOIO AO COLEGA DALLAGNOL
“A grande questão que hoje está em jogo e será decidida pelo Conselho Nacional diz respeito à preservação da liberdade de expressão dos membros do Ministério Público”, diz o procurador Roberson Pozzobon. “A retramitação de um processo disciplinar ofende um princípio básico, segundo o qual ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo motivo”, completou.
A procuradora Luciana Cardoso afirma que a decisão de Gilmar Mendes “não considerou em sua decisão os riscos ao devido processo legal, à vedação da dupla punição e a violação à liberdade de expressão”.
Veja o vídeo produzido pela força-tarefa, intitulado “Lava Jato e a importância da liberdade de expressão”:
MPF CONFIRMOU SAÍDA DE DELTAN DA LAVA JATO EM CURITIBA
Na última terça-feira (1), o MPF (Ministério Público Federal) anunciou que Deltan Dallagnol deixou o comando da força-tarefa da Lava Jato no Paraná após seis anos no cargo.
Deltan Dallagnol também falou sobre a decisão motivada por problemas de saúde da filha de um ano e 10 meses. Em vídeo, ele explicou que ela apresentou sinais de regressão no desenvolvimento e que precisará de muitos cuidados.
“Ela parou de falar algumas palavras que ela já falava, deixou de olhar pra gente quando chamada e passou a parar de olhar nos nossos rostos e olhos. Os médicos já levantaram algumas suspeitas e nossa filha está passando por uma série de exames e acompanhamentos para um diagnóstico que ainda vai demorar nove semanas”, detalhou.
O MPF-PR também confirmou que Deltan será substituído pelo procurador Alessandro Oliveira. Em entrevista, ele já falou que não haverá mudanças no rumo da Lava Jato no Paraná e que Dallagnol é um exemplo de profissional e cidadão.