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Agro alerta para prejuízos bilionários com o caos na BR-277

Agro alerta para prejuízos bilionários com o caos na BR-277

Faep estima que agronegócio terá prejuizos bilionários em razão da demora nas obras da BR-277 que trava o transporte de grãos para o Porto de Paranaguá

Angélica Fenley Belich - terça-feira, 14 de março de 2023 - 14:40

Ao fazer uma avaliação, nesta terça-feira, 14, sobre as condições da BR-277 que Liga Curitiba ao Porto de Paranaguá, o presidente do Sistema Federação da Agricultura – Faep/Senar – Ágide Meneguete, alertou que “Já existem várias cooperativas e traders que, em razão das más condições da estrada, têm optado por enviar suas cargas para outros portos, como o de São Francisco e o de Santos”. 

Ágide Meneguete, presidente da FAEP (Divulgação)

O presidente da entidade quis dizer que além dos prejuízos bilionários ao agronegócio haverá, também, um grande baque na economia paranaense.

Segundo Meneguette, considerando apenas a logística da soja (sem envolver outras cadeias produtivas), o gasto a mais caso o escoamento tenha que ser feito pelo Porto de Santos (SP) pode passar de R$ 600 milhões, observou ao mostrar cálculo do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Com base nos problemas na BR-277, a projeção leva em consideração o cenário de interrupção total da rodovia, única estrada que comporta o tráfego de cargas pesadas até o Porto de Paranaguá. “Neste caso, a produção teria que sair por outro complexo portuário”, disse o presidente da Faep/Senar.

Estudo de técnicos da Faep mostra que o frete de caminhão de sete eixos, com capacidade para 57 toneladas, custa R$ 4,86 por saca no trajeto Cascavel-Paranaguá, que totaliza 600 quilômetros. Já no itinerário Cascavel-Santos, cuja distância é de 1 mil quilômetros, o frete sai por R$ 7,73 por saca, quase 60% mais caro. “Já partiríamos de uma logística com prejuízo elevado ao setor produtivo, por conta do frete maior”, destaca o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), a projeção da colheita de soja em 2022/23 é de 21 milhões de toneladas. Com base nas médias históricas, o Estado deve exportar 15,7 milhões de toneladas – 12,6 milhões por rodovia e 3,1 milhões por ferrovia. Se todo esse volume deixasse de sair por Paranaguá, por uma interdição total da BR-277, o prejuízo seria na ordem de R$ 602,7 milhões somente pelo custo de frete a mais até Santos.

O Paraná é um grande exportador de outras commodities. O Estado é o maior exportador de frango do país e o terceiro em carne suína, cadeias que também seriam impactadas diretamente pelos problemas na BR-277.

Para além do cenário hipotético, o Paraná já enfrenta perdas significativas com a produção de soja e a dificuldade em escoar pelo Porto de Paranaguá. Mesmo quem consegue chegar ao complexo, também amarga prejuízos. 

Os portos trabalham com o pagamento de uma taxa de incentivo (ágio) ou desincentivo (deságio) ao transporte de determinadas mercadorias. Nesse momento, para se exportar oleaginosa pelo complexo portuário paranaense está se praticando um deságio (desconto) de R$ 1,15 por saca. Ou seja, um prejuízo de R$ 241,31 milhões, caso seja aplicado às 15 milhões de toneladas de soja que devem ser exportadas.

De acordo com a Faep/Senar, o cálculo para chegar ao ágio ou deságio no porto é multifatorial, envolve aspectos como condição climática, estado dos equipamentos usados no complexo e também as dificuldades para se chegar ao porto. “O trecho da BR-277 na Serra do Mar tem apresentado bloqueios totais e parciais constantemente, o que dificulta o escoamento das cargas. Se a situação piorar, isso pode contribuir também para a aplicação de deságios maiores, mais uma penalização que leva uma parte do lucro dos paranaenses a escorrer pelo ralo”, avalia Meneguette.

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