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Ao lado do Coronavírus, faltam remédios para depressão e bipolaridade

Ao lado do Coronavírus, faltam remédios para depressão e bipolaridade

 Enquanto há, no país, uma concentração maciça das autoridades sanitárias no problema do Coronavírus, outras..

Pedro Ribeiro - domingo, 15 de março de 2020 - 10:27

 

Enquanto há, no país, uma concentração maciça das autoridades sanitárias no problema do Coronavírus, outras patologias, como a depressão e a bipolaridade estão sofrendo com a falta de medicamentos. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os remédios que possuem componentes cloridrato de imipramina e carbonato de lítio estão em falta nas farmácias e unidades de saúde desde o mês de dezembro.

O Brasil está vivendo uma “situação calamitosa”, uma vez que os dois medicamentos não estão sendo produzidos pelos laboratórios privados. Os medicamentos são distribuídos também pelo sistema público, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), alerta a ABP.

No Paraná, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) também quer explicações feita pela Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ) às autoridades públicas responsáveis em relação ao cenário de desabastecimento no mercado nacional de dois medicamentos de referência no tratamento de transtornos graves do humor: o Cloridrato de Imipramina e o Carbonato de Lítio.

Em documento, a APPSIQ endossou posicionamento da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que classificou a situação como um “grave problema de saúde pública e privada no Brasil”. A entidade afirma que os medicamentos não estão sendo produzidos atualmente pelos laboratórios privados e que os laboratórios do governo ainda não os produzem, afetando o tratamento contínuo dos pacientes que fazem uso dessas medicações.

Segundo a APPSIQ, “milhões de pessoas utilizam as respectivas substâncias diariamente e a interrupção do tratamento pode causar agravamento de quadros psiquiátricos de diversas patologias, deixando esses pacientes desassistidos e, em casos mais severos, mais propensos ao suicídio”.

“Milhões de pessoas fazem uso diário dessas medicações e, diante de tudo o que a experiência clínica e a literatura médica oferecem, essas substâncias são consideradas mais eficazes e suficientemente seguras para tratamento específico de transtornos graves do humor”, explicou, em nota a diretora da Associação Brasileira de Psiquiatria no Espírito Santo, Letícia Mameri, onde há, também, falta dos medicamentos.  Segundo ela, o carbonato de lítio, em casos de pacientes diagnosticados com transtornos de bipolaridade, é insubstituíveis.

“O carbolitium, como é chamado, é um estabilizador de humor que potencializa os antidepressivos. É um remédio relativamente barato, e o nosso medo é justamente esse: pararem de fabricar por conta do preço”, disse a médica. “Nenhum remédio atua como o carbolitium, o que preocupa muito a comunidade de psiquiatria, por não saber, muitas vezes, como orientar os pacientes que precisam disso para viver suas vidas da forma mais normal possível”, concluiu Leticia.

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