Pedro Ribeiro

 

Parem as máquinas…chegava, ofegante, na oficina do parque gráfico, o chefe do setor a pedido do editor-chefe do jornal. Significava que teríamos uma manchete de extrema importância, de última hora, que justificaria o atraso do jornal. Amanhã, terça-feira, 12 de julho de 2022, o mundo, em especial o Brasil e o Paraná, devem parar exatamente às 11 horas para ouvir uma declaração bombástica que vem sendo mantida em absoluto segredo, com fortes de doses de expectativas: Sergio Moro anunciará sua candidatura. Governo do Estado, Senado Federal ou Câmara dos Deputados.

É como se ele, Moro, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro do Governo Jair Bolsonaro, que trocou o Podemos pela verba de campanha do milionário União Brasil, que não foi aceito em São Paulo e colocou o rabicho entre as pernas, voltando ao Paraná, fosse a figura mais importante do planeta e com direito de escolher, acima do voto dos paranaenses, um lugar na política como, novamente, o paladino da moral e salvador da pátria. Foi, ao longo de quatro ou cinco anos, colecionando inimigos, entrando em uma área que não conhecia e precisa, agora, de foro privilegiado.

Moro não deve anunciar, nesta terça-feira, sua candidatura ao Governo do Estado do Paraná e muito menos ao Senado, como sustentam seus assessores, baseados em pesquisas onde está abaixo do senador e candidato à reeleição, Alvaro Dias (Podemos). Moro deve optar por uma vaga na Câmara Federal para buscar prerrogativa de mandato e evitar transtornos de uma possível enxurrada de processos na primeira instância da Justiça Federal. Moro, neste caso, precisaria de apoio de ministros como Edson Fachin, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e outros notórios togados do Supremo Tribunal Federal.

Um dia antes do pirotécnico anúncio da decisão político-partidária, o candidato teria marcado um encontro com o já derrotado pré-candidato tucano ao Governo do Estado, Cesar Silvestre Filho, com a intenção de unir forças. Ou para elevar Silvestre Filho nas pesquisas ou para ajudar Moro em uma de suas empreitadas. Esse possível acordo, divulgado na imprensa, causou constrangimento, para não dizer ira, do pré-candidato à Câmara Federal, Beto Richa (PSDB), protagonista da saída de Silvestre Filho do Podemos para o PSDB e sua consequente pré-candidatura ao Governo do Estado.

Bem, com o devido respeito às instituições republicanas, o ex-juiz federal, Sergio Moro submeteu-se ao mais rigoroso teste de paciência, tolerância e força de vontade, quando comandou a Operação Lava Jato. Depois, ao ser ministro de Bolsonaro, bateu de frente com o dito mito, extremista de direita, e acabou sucumbindo pelas tintas da família Bolsonaro nas redes sociais, além de suspeitas das próprias lideranças políticas do PT onde Moro colocou seu líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia.

Jogaram pedras em um respeitado juiz federal que, hoje, pretende dar a volta por cima e mergulhar de cabeça no viciado Congresso Nacional. Conseguirá ter voz, caso seja eleito? Isto a política nos mostrará.