Pedro Ribeiro

Aumenta no país, que vive um problema extremo de saúde, a tensão entre o grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal. Nesta quarta-feira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criticou a atuação dos ministros Alexandre de Moraes que autorizou mandados de busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro e Ceso de Mello, responsável pela investigação da suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF).

Eduardo Bolsonaro mandou um recado, dizendo que participa de reuniões em que se discute “quando” acontecerá “momento de ruptura” no Brasil.

As declarações foram dadas em uma transmissão ao vivo do blog Terça Livre, de Allan dos Santos, um dos apoiadores de Bolsonaro investigados por divulgar notícias falsas e ameaças contra autoridades da República, como ministros do Supremo, e seus familiares.

“Não tenho nem dúvida que amanhã vai ser na minha casa (que cumprirão mandado de busca), que se nós tivermos uma posição colaborativa (com o Supremo), vão entrar na nossa casa, dando risada. Até entendo quem tem uma postura moderada, vamos dizer, para não tentar chegar a momento de ruptura, a momento de cisão ainda maior, conflito ainda maior. Entendo essa pessoas que querem evitar esse momento de caos. Mas falando bem abertamente, opinião de Eduardo Bolsonaro, não é mais uma opção de se, mas, sim, de quando isso vai

Eduardo repetiu o argumento usado por outros bolsonaristas, de que o inquérito das fake news é inconstitucional porque ele teve início por ato de ofício do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reagiram com firmeza aos ataques que vem sofrendo, afirmando que não vão se intimidar com ações desencadeadas pelos seguidores do presidente Jair Bolsonaro e em especial pelo chamado “gabinete do ódio” que está instalado hoje dentro do Palácio do Planalto.

“Sem Poder Judiciário, não há o império da lei. O País tem nos ministros do STF a garantia de que a Constituição da República continuará a ser observada, e a democracia, assegurada”, disse a ministra Cármen Lúcia.

Ela também lembrou que, num Estado Democrático de Direito, ninguém está acima da lei, cuja aplicação é tarefa dos juízes: “Eventuais agressões a juízes desta Corte não enfraquecem o Direito. O Brasil tem direito à democracia e à Justiça. “Sem um Poder Judiciário independente, que repele injunções marginais e ofensivas ao postulado da separação de Poderes emanadas de mentes autoritárias que buscam ilegitimamente controlar o exercício da jurisdição, jamais haverá cidadãos livres nem regime político fiel aos princípios e valores que consagram o primado da democracia”.

O ministro Luís Roberto Barroso, ao tomar posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, disse que, “como qualquer instituição em uma democracia, o Supremo está sujeito à crítica pública e deve estar aberto ao sentimento da sociedade”, mas é preciso lembrar que “o ataque destrutivo às instituições, a pretexto de salvá-las, depurá-las ou expurgá-las, já nos trouxe duas longas ditaduras na República”, que “são feridas profundas na nossa história, que ninguém há de querer reabrir”.