Pedro Ribeiro

O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) disse nesta segunda-feira, 24, que é necessário ficar em alerta “igual São Tomé, ver para crer” em relação à proposta da concessão dos novos pedágios. “Queremos ver as mudanças definidas publicadas no edital das concessões”, disse. O alerta dos deputados da Frente Parlamentar sobre o Pedágio se refere ainda à possibilidade de manobras do Ministério da Infraestrutura em relação ao novo pedágio no Paraná.

“O governador Ratinho Junior foi a Brasília e conversou com o presidente Jair Bolsonaro que atendeu ao pedido de um pedágio com tarifa baixa e realização de mais obras. É isso o que queremos”, afirmou o parlamentar em entrevista à Rádio Cultura de Foz do Iguaçu.

Romanelli voltou a destacar a participação da Assembleia Legislativa nas audiências públicas que resultaram nessa vitória parcial e ressaltou a necessidade de acompanhar o desenho desse novo projeto de pedágio. “Há dúvidas no ar quanto à íntegra do que foi pedido pelo governador e acordado com o presidente”, observou

Pé atrás – “Nessas horas temos que nos lembrar do São Tomé – ver para crer. Queremos ver publicado no site da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o anúncio da solução do problema para o pedágio no Paraná”, observou Romanelli.  O deputado está com um pé atrás em relação à questão da outorga.

O Paraná não pode esperar, disse Romanelli, e nem sofrer a continuidade de um pedágio que por 24 anos penalizou o estado com alta tarifas e poucas obras. “Para nossa surpresa, ao invés de fazer como sugerimos um depósito de caução, um valor fixo para que as empresas efetivamente não executar a obra, ter um dinheiro em caixa para garantir sua realização, observamos que o governo federal está mascarando o modelo inicial criando uma tal “caução variável” que não é devolvida. Se não é devolvida, não é caução”, pontuou Romanelli.

“Nós sabemos que é possível desenhar um modelo de pedágio sem penalizar o setor produtivo e o usuário em geral. Isto é factível. Queremos tarifas baixas e queremos acompanhar a realização de obras, o que não aconteceu nestes 24 anos de pedágio nocivo ao nosso Estado”, disse o deputado.

Norte Pioneiro destaca ‘vitória parcial’ sobre os pedágios

Lideranças do Norte Pioneiro destacam o que consideram uma vitória parcial do Paraná contra as altas tarifas de pedágio praticadas nas rodovias do Anel de Integração e que poderiam manter o custo de produção alto em todo o Estado. A Frente Parlamentar sobre o Pedágio, da Assembleia Legislativa, realizou uma audiência pública em Jacarezinho, município onde está localizada a praça que cobra a segunda maior tarifa de pedágio do Estado, no valor de R$ 24,40.

Apesar dos avanços, o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB), que integra o colegiado, disse que a luta contra o pedágio continua. Segundo ele, o governador Ratinho Junior (PSD) soube ouvir as demandas da sociedade paranaense sobre a questão. “Quando criamos a Frente Parlamentar e iniciamos as audiências públicas, discutimos com os técnicos a proposta que havia sido apresentada pelo governo. Efetivamente, vimos que a proposta não era a melhor”.

“Ouvimos a sociedade paranaense, o setor produtivo, os parlamentares, que rechaçaram completamente o tal do modelo híbrido proposto pelo governo federal. Esse recuo do governo federal é absolutamente importante”, enfatizou o deputado nesta segunda-feira, 24.

Modelagem – Romanelli explica que, como resultado das 17 audiências já realizadas no Paraná, o governador Ratinho Júnior buscou entendimento com o governo federal. Com isso, acrescenta, o presidente Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Infraestrutura faça uma modelagem de acordo com a proposta do Paraná: licitação pelo menor preço de tarifa, sem limite de desconto e com depósito caução para garantir as obras de duplicação e outras melhorias nas rodovias. “O governador foi lá em Brasília e defende essa proposta para o presidente. Nós avançamos muito. Mas ainda têm muitos outros pontos que nos preocupam”, observa.

Romanelli disse ainda que sugeriu ao governo federal maior transparência no processo licitatório para escolha das novas concessionárias que vão atuar no Paraná. “O grupo de trabalho nomeado anteriormente não conseguiu efetivamente apresentar uma boa proposta. Se forem mantidas essas mesmas pessoas, poderemos repetir erros daquilo que queremos modificar. Por isso, melhor ampliar, ouvir segmentos, os técnicos do próprio governo, que tem muita gente qualificada”, avalia.

O presidente da Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro), prefeito Hiroshi Kubo (PSD), de Carlópolis, disse que a região vive um momento muito importante, com vários projetos estruturantes de promoção do desenvolvimento regional. Para ele, é necessário melhorias em toda a malha rodoviária estadual e federal, já que está se encerrando um período da concessão de pedágio, que será renovado por mais 30 anos. “É muito importante esse debate da frente parlamentar, trazendo ao conhecimento de toda a população sobre a questão da concessão dos pedágios. O Norte Pioneiro está voltando a respirar e a ter esperança no seu desenvolvimento”, disse o presidente.

Mais obras – Hiroshi Kubo destacou ainda o trabalho da frente parlamentar, que está apresentando resultados satisfatórios aos municípios paranaenses. “O trabalho da frente parlamentar está trazendo efetivamente um resultado para todos os paranaenses. Nossos agradecimentos por essas conquistas, que certamente virão e perdurarão por mais 30 anos, o que não tivemos nos últimos 25 anos”.

O prefeito de Jacarezinho, Marcelo Palhares (PSD), presidente do Cisnop (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro), acredita que o debate sobre o pedágio é muito importante para a cidade, que sofre com valores altos cobrados na praça de pedágio.  “Antes de ser prefeito, eu sempre quis discutir essa questão do pedágio para encontrar uma solução que seja benéfica a todos do Norte Pioneiro e a todo o Paraná”, lembra.

Palhares confirma que motorista do Norte Pioneiro paga um pedágio caro, por um trecho curto de menos de 20 quilômetros de uso da rodovia. “Exigimos não somente a diminuição do preço da tarifa, como também o investimentos em obras de melhoria da infraestrutura. Quando criado o pedágio, a promessa foi de que as rodovias seriam duplicadas, mas isso não aconteceu”. O prefeito elencou seis obras que estavam previstas para serem realizadas, mas que até agora nem foram iniciadas.

“É muito importante que em Jacarezinho sejam incluídas a construção de acessos e trincheiras nos novos contratos. São necessárias seis obras e melhorias para a segurança de pedestres e motoristas, para evitar acidentes e óbitos já registrados em vários trechos”, reafirmou.

Só uma obra – O prefeito Professor Zezão Coelho (Pode), de Santo Antônio da Platina, também cobra pelas obras não realizadas. Zezão garante que apenas uma obra prevista no contrato foi realizada, mas que provoca transtornos sempre que chove, que é o viaduto na BR-153, no principal acesso ao centro da cidade. O prefeito também elogiou o trabalho e o compromisso da Assembleia Legislativa com o Norte Pioneiro.

“Essa audiência é vitoriosa porque trouxe resultado para o Paraná e para os paranaenses”. Para o prefeito, a queda no preço da tarifa e a melhoria na qualidade das estradas, vai ajudar sobremaneira o desenvolvimento da região.

“Santo Antônio da Platina sofre muito com o descaso do pedágio em cada chuva. A obra do viaduto na BR-153 devia ter sido feita há muito tempo, mas a concessionária fez às pressas, na hora em que estavam baixando as cortinas, e isso traz um transtorno muito grande. Reconhecemos a importância do trabalho da frente parlamentar, que já é vencedora só pelo fato de conseguir fazer essa mudança na transformação do contrato para o menor preço e incluir um depósito caução para garantir as obras que precisam ser executadas”, disse.