Pedro Ribeiro
Foto: DER/PR

 

2020 será o ano das mulheres na política. Com o fim das coligações, o Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário, os partidos serão obrigados a investir nas candidatas. 

Profissionais das mais diversas áreas, donas de casa, mães, mulheres que nunca antes haviam pensado em participar de uma campanha eleitoral, estão assumindo seu espaço na sociedade e na política. Aos 56 anos, a educadora e líder escoteira, Clarenz Inez Venturin Ishikawa, decidiu fazer diferença e se tornar a primeira candidata mulher em quase 60 anos de história de um clube de campo de Curitiba, o Santa Mônica..

“A decisão iniciou após conversas informais com alguns sócios, o que despertou um desejo de colaborar com o funcionamento da coletividade dos espaços do clube. Enquanto mulher, a conquista está em ressignificar o papel de liderança a partir de uma escuta atenta e um olhar diferenciado, sempre priorizando as pessoas, ouvindo sugestões e estimulando o senso de pertencimento responsabilidade e respeito”, afirma Clarenz Inez Venturin Ishikawa.

Integram a chapa outras 12 mulheres; todas querem fazer a diferença com uma gestão mais humana, com o foco nas pessoas.

“Uma das propostas do movimento é garantir o equilíbrio de um protagonismo feminino num espaço em que a dominação masculina se faz presente. Fortalecer e encorajar os direitos da mulher é imprescindível” conclui.

Estamos falando das eleições do clube Santa Mônica, um dos mais tradicionais de Curitiba que, em 58 anos de história, nunca teve uma representante feminina no comando. Mas essa campanha ilustra muito bem o que vem pela frente nas eleições 2020.

Nas próximas eleições os recursos públicos destinados a candidaturas femininas terão de ser proporcionais ao número de mulheres na disputa, respeitando o mínimo de 30% de candidatas. Além disso, pela primeira vez, os partidos não poderão formar coligações. Este fato, aliado ao fim do financiamento privado de campanha, irá obrigar os partidos a investirem nos candidatos – e candidatas.

QUESTÃO CULTURAL

Apesar das novas regras, ainda é possível driblar a legislação eleitoral. Para o cientista político Emerson Cervi, o estímulo à participação feminina é mais cultural e menos estrutural.

“Não adianta ter 30% de vagas nas listas sem coligações se os partidos não destinarem recursos financeiros e de estrutura às campanhas femininas. Não adianta ter obrigatoriedade de 5% do fundo partidário para ações de participação das mulheres se os recursos ficam restritos a um conjunto pequeno de mulheres que estão nas direções estaduais. De nada adianta destinar obrigatoriamente parte dos recursos do fundo eleitoral para candidaturas femininas se os recursos são usados para produzir material de campanha em “dobradinha” com candidatos” explica Cervi.