Pedro Ribeiro

O Planalto Central está com os nervos à flor da pele. Tudo por causa do inicio, hoje, da  CPI da Covid. O clima é de guerra entre o Palácio do Planalto e o Senado Federal.

Com a CPI mirando erros e omissões do governo no combate à pandemia, Bolsonaro decidiu reforçar as ameaças e também engrossou o tom contra governadores que determinaram medidas de isolamento social para conter a propagação da doença. “Está chegando a hora de o Brasil dar um novo grito de independência”, disse ele, ao participar nesta terça-feira, 26, da entrega de um trecho de duplicação da BR-101, em Feira de Santana (BA).

A decisão liminar que barrou a possibilidade de o senador Renan Calheiros (MDB-AL) assumir a relatoria dos trabalhos marcou uma vitória do Palácio do Planalto e foi tomada no âmbito de uma ação movida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro. Renan disse que “não há precedente na história de medida tão esdrúxula” e já recorreu da decisão.

 

Desde o último dia 16 há um acordo fechado entre sete dos 11 senadores que compõem a comissão para Omar Aziz (PSD-AM) ser presidente da CPIRandolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente e Renan, relator. A eleição que confirmará a escolha dos ocupantes dos principais postos da comissão está marcada para hoje, com votação presencial.

Carla Zambelli alegou à Justiça que Renan responde a inquéritos no Supremo Tribunal Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa, o que comprometeria a “imparcialidade que se pretende de um relator”. Embora a liminar determine que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), impeça que a votação para compor a CPI inclua Renan como relator, a escolha não depende da eleição. É o presidente da comissão que designa o relator.

‘Interferência’

“Por que tanto medo?”, perguntou Renan, em mensagem no Twitter. Ao Estadão/Broadcast, o senador apontou influência do presidente na ordem da Justiça. “Isso não tem sentido. O Senado tem poderes constitucionais para proceder com a investigação, não pode ter interferência judicial”, disse.

 

Para tentar embaralhar a discussão, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) vai se candidatar hoje à presidência da CPI. Girão se declara independente, mas atua alinhado com o Planalto.

O governo acionou órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal, com o objetivo de mostrar que verbas destinadas pelo Ministério da Saúde a Estados e municípios para o enfrentamento da pandemia foram desviadas. “Não podemos admitir alguns pseudo-governadores quererem impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los”, afirmou Bolsonaro em Feira de Santana. (Informacoes do Estadáo)