Pedro Ribeiro
(Foto: divulgação)

As redes sociais informaram nesta sexta-feira (6) que a Editora Gazeta do Povo demitiu mais dez profissionais de seus quadros de jornalistas. Isto é lamentável não apenas para a produção de conteúdo editorial no Estado do Paraná como também para o mercado de trabalho. Recentemente a mesma editora havia informado aos seus leitores que estava desmontando a sede no bairro Tarumã, em Curitiba, optando pelo trabalho home-office. Há informações também de que o grupo GRPCOM teria realizado demissões na Rádio FM 98, de sua propriedade.

Reportagem do portal UOL revela o descontentamento dos jornalistas da Gazeta do Povo, sobretudo pela decisão do jornal em manter o colunista Rodrigo Constantino em seus quadros. Uma carta enviada para a direção, assinada por 117 colaboradores, pedia o desligamento do jornalismo após comentários sobre estupro reproduzidos em uma live sobre o caso Mariana Ferrer.

Em comunicado interno, a Gazeta do Povo disse que manteria Constantino como colunista por entender que o jornalista foi mal interpretado ao se manifestar sobre casos de estupro. A justificativa não agradou os demais colaboradores. Ao UOL, funcionários revelaram, sob condição de anonimato, que a sensação era de “vergonha”.

Em carta de esclarecimento aos leitores, a Diretora da Unidade de Jornais do GRPCOM, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, justifica a decisão afirmando acreditar “na importância da diversidade de ideias e na importância do diálogo para a construção de uma sociedade melhor e de uma democracia cada vez mais madura”. Segundo ela, Constantino reconheceu o erro e pediu desculpas.

Na verdade, em artigo publicado ontem (5), Rodrigo Constantino foi irônico ao pedir desculpas “por ter que escrever o que parece evidente”. Segundo ele, o problema foi a forma como as pessoas o interpretaram, não a sua fala em si.

No texto em que, supostamente, se desculpa pelo ocorrido, o colunista diz que não existe “cultura do estupro”. Para ele, se trata de “histeria” — a palavra, cunhada primeiramente pelo pai da medicina, Hipócrates, foi popularizada no século 19 por Sigmund Freud, e carrega por si só uma carga de machismo, ao reforçar o estereótipo de que mulheres são mentalmente desequilibradas.