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Governador Ratinho Junior não quer pagar a conta da pandemia sozinho

Governador Ratinho Junior não quer pagar a conta da pandemia sozinho

 O governador Ratinho Junior (PSB) não cedeu às pressões de empresários para abrir o comércio. Foi, mais uma..

Pedro Ribeiro - sexta-feira, 5 de março de 2021 - 20:45

 

O governador Ratinho Junior (PSB) não cedeu às pressões de empresários para abrir o comércio. Foi, mais uma vez, cauteloso e prorrogou para até quarta-feira o lockdown. Ao mesmo tempo, transferiu aos mesmos empresários a responsabilidade de se protegerem e proteger seus funcionários em relação à pandemia que a cada dia se alastra no país.

A situação é preocupante. Nesta sexta-feira, no início da tarde, o Hospital Vita Batel informava que havia esgotado sua capacidade de atendimento a pacientes em seu Pronto Socorro. As 24 UTIs estavam ocupadas e todos os ventiladores em uso.” Não há mais condições físicas de atendimento”, lamentou um médico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta dizendo que o Brasil precisa resolver o problema da pandemia com urgência pois, caso contrário, as variantes, cepas, poderão se alastrar para outras partes do mundo.

No país, o clima é de desânimo, com idosos nas filas esperando por vacinas que estão chegando a conta-gotas. Prefeitos e governadores voltaram a pressionar o governo federal para a compra de vacinas e sua distribuição aos estados e municípios.

VEJA COBERTURA DO PARANÁ PORTAL

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), anunciou hoje (5) que o comércio e as atividades não essenciais serão autorizados a reabrir a partir de quarta-feira (10). O decreto com medidas restritivas publicado na semana passada, válido até a madrugada de segunda-feira (8), será prorrogado por apenas dois dias.

Além disso, anunciou a volta às aulas no modelo híbrido. As escolas públicas e particulares deverão respeitar um limite máximo de 30% de ocupação nas salas de aula. O retorno às atividades presenciais não é obrigatório e caberá aos pais e responsáveis decidirem se as crianças acompanharão as aulas em casa ou nas escolas.

Ao flexibilizar as medidas de restrição de circulação, Ratinho Junior se isentou da responsabilidade de liderar o combate à crise sanitária: “não é uma assinatura minha que vai salvar vidas. É a maior guerra da saúde pública dos últimos 100 anos. É um esforço de toda a sociedade”, disse ele, pedindo a união do povo paranaense.

toque de recolher noturno, das 20h às 5h, foi mantido pelo governo do Paraná para o próximo decreto. Da mesma forma, a venda e o consumo de bebidas alcoólicas continuam proibidos durante as noites e madrugadas.

Antes de anunciar a decisão,  o chefe do Executivo ponderou que a segunda onda da covid-19 tem a predominância das variantes potencialmente mais contagiosas do coronavírus. “Tivemos um aumento violento no número de contaminações neste ano. Essas novas cepas são de quatro a seis vezes mais contagiosas, segundos os especialistas”, disse em pronunciamento.

O secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, afirmou que o decreto anunciado na semana passada não surtiu o efeito esperado. O índice de isolamento social ficou em torno de 35%. “Precisávamos de, pelo menos, 50%”, afirmou.

Questionado se flexibilizar as medidas de restrição no Paraná no pior momento da pandemia não seria um contrassenso, o governador Ratinho Junior afirmou que espera contar com a colaboração dos cidadãos.

“Não é só o decreto que vai resolver. É a consciência das pessoas. É importante que todos tenham essa consciência de ajudar ficando mais em casa evitando aglomerações”, disse ele, completando que as medidas em vigor só poderão ser avaliadas daqui a 15 dias.

No pior momento da pandemia, governador Ratinho Junior decidiu reabrir comércio não essencial (Jonathan Campos/AEN)

VACINA

Ao anunciar um decreto menos restritivo, o governador do Paraná, Ratinho Junior, afirmou que o controle da pandemia do coronavírus passa pela vacinação em massa. Sem imunizar a população, a crise sanitária não vai arrefecer, segundo a projeção do governo.

Estamos trabalhando muito alinhados ao Ministério da Saúde. Temos a possibilidade de negociar diretamente com os laboratórios, mas não há vacinas suficientes para todos e o prazo é muito longo”, disse Ratinho, argumentando que o governo federal é quem tem as melhores condições para negociar a compra em larga escala.

Segundo o secretário da Saúde, Beto Preto, o Paraná acredita na capacidade do Ministério da Saúde em liderar a compra e distribuição de vacinas. Em visita a Cascavel, ontem (4), o ministro Eduardo Pauello garantiu que novos contratos para a compra de imunizantes serão fechados nos próximos dias.

“Com vacinas, no Paraná, temos capacidade de vacinar até 200 mil pessoas por dia. Mas precisamos de vacinas”, afirmou.

Além da questão das vacinas, o secretário da Saúde também reconhece que é preocupante o estoque de medicamentos e insumos necessários para a manutenção dos pacientes internados. “Atualmente, temos um estoque suficiente para mais 25 dias”, disse Beto Preto, projetando que não vislumbra risco de faltar cilindros de oxigênio para atender os pacientes graves.

COVID NO PARANÁ

De acordo com o boletim desta sexta-feira (5), a taxa de ocupação dos leitos de UTI da rede pública exclusivos para Covid-19 é de 96%. O indicador é superior a 90% em todas as regiões: Leste (97%), Oeste (95%), Noroeste (96%) e Norte (97%).

No total, são 672.179 casos e 12.100 mortes relacionadas ao coronavírus.

Nesta sexta-feira (5), o balanço das ações das equipes policiais mostraram que foram dispersadas 1.042 aglomerações durante a vigência do atual decreto. 3.597 estabelecimentos comerciais foram fiscalizados, dos quais 136 foram interditados e 82 multados por irregularidades relacionadas à pandemia. Por fim, 281 pessoas foram presas por descumprimento das medidas.

Desde o início da campanha de vacinação até esta sexta-feira (5) o Paraná vacinou 337.063 cidadãos. Ao todo, 455.608 doses foram aplicadas, das quais 118.545 se referem à dose de reforço. Até agora, o Estado recebeu do Ministério da Saúde um total de 853 mil doses, somados os imunizantes CoronaVac e AstraZenca/Oxford.

 

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