Pedro Ribeiro

 

Fábio Camargo, presidente do Tribunal de Contas do Estado, faz um alerta aos gestores públicos e à população, no sentido de que não é momento para flexibilização e que a situação é delicada e é preciso cautela.

Enquanto as autoridades sanitárias mantém firme a posição de que é preciso cautela em relação à pandemia, especialmente agora com a circulação no país da “Variante Delta”, gestores públicos de diversas regiões flexibilizam com afrouxamento das medidas de prevenção e segurança. São bares e restaurante lotados, praias cheias e lojas abarrotadas de clientes.

Enquanto cientistas e especialistas de todo o mundo apontam que um risco da flexibilização pode levar à falsa sensação de que a pandemia está controlada e que a vida pode voltar a ser como antes, na Europa os casos voltaram a subir em diversos países que liberaram o convívio social e o uso de máscaras.

Muitas pessoas não entenderam que a pandemia continua no seu auge no Brasil”, alerta a microbiologista Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP).

Alerta do Tribunal de Contas

No Paraná, a coragem de vir a público para alertar as autoridades do setor público de que o momento ainda é delicado e que é preciso pensar, primeiro, na saúde, partiu do jovem presidente do Tribunal de Contas do Estado, Conselheiro Fabio Camargo.

É preciso reconhecer que as novas variantes da Covid-19 trazem um cenário sanitário incerto e de consequências potencialmente gravosas. Não é o momento de desconsiderar medidas sanitárias cuja eficácia é cientificamente comprovada, tais como o isolamento social, a higienização de mãos e o uso de máscaras”, pontua Fábio Camargo em recado direto aos gestores públicos que estão flexibilizando as ações de combate à pandemia.

Com base em estudos científicos e documentos preparados pela próprio corte, “o Tribunal de Contas do Estado do Paraná segue acompanhando, com cautela e precaução, a evolução do atual contexto pandêmico, assim como as políticas públicas que vem sendo tomadas por seus jurisdicionados, muitas das quais, infelizmente, na contramão das orientações científicas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde”, diz nota emitida pelo órgão fiscalizador do dinheiro público nesta terça-feira, 10.

Segundo Camargo, o TCE-PR reforça que, apesar da recente redução no número de casos e óbitos decorrentes da Covid-19 em nosso Estado, todavia não estamos em contexto de normalidade.

O TCE-PR sublinha, Camargo, que é preciso promover o mais rápido possível a imunização da integralidade da população paranaense com o emprego das vacinas aprovadas pela ANVISA, eis que a vacinação é o único método efetivo para a superação da pandemia.

O presidente do Tribunal de Contas que que a corte vem há meses tomando medidas com vistas à preservação da saúde e a redução do número de óbitos, seja por meio de suas decisões, seja por meio do recente repasse de recursos para o desenvolvimento de vacinas, seja pelo exemplo que vem dando ao fomentar o trabalho remoto.

Portanto, diz Camargo em nota à imprensa: “ainda não é o momento de uma completa reabertura, posto que, todavia, estamos vivenciando uma severa pandemia. É preciso que os gestores públicos mantenham a cautela e a serenidade e não cedam a pressões de quaisquer ordens. A experiência internacional demonstra que uma reabertura desenfreada, sem a observação dos devidos critérios, resulta em danos sanitários graves”.

Variante Delta

A variante Delta do coronavírus se tornou a nova fonte de preocupação no combate à pandemia de covid-19, mesmo entre países com ritmo avançado de vacinação.

Ela está por trás de uma nova onda de infecções em Israel, Reino Unido, Estados Unidos e países asiáticos, como China e Indonésia.

Estudos recentes vêm apontando que essa nova versão do coronavírus é muito mais transmissível e tem maior probabilidade de evadir o sistema imunológico, responsável pelas defesas do nosso organismo.