Pedro Ribeiro
(Foto: divulgação)

 

Recebi um texto de um grupo de mulheres que vem, ao longo dos anos, participando da vida política do país e manifestando suas posições através das redes sociais. Nesta semana, o texto dizia que “começa um sentimento de civismo no País, graças às ações da voz rouca das ruas”.

Para quem também acompanha o imbróglio da política brasileira, aliada a um Supremo Tribunal Federal que decide conforme a biruta do vento e muitas vezes monocraticamente, eu diria que o sentimento de patriotismo no Brasil vem evoluindo a cada dia e surgiu desde as “diretas, já”, quando os jovens chamados de caras pintadas foram às ruas.

Mais recentemente, o povo foi, também, às ruas para tirar a ex-presidente Dilma Rousseff e eliminar o lulismo do País. Deu resultado, aparente, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que escancarou as portas do Palácio do Planalto para a área militar que estava adormecida nos quartéis. Houve mais erros do que acertos e o último, Eduardo Pazuello colocou a administração do presidente em xeque.

O que existe, hoje, dentro do que chamam de cenário patriótico é que a população está cansada dos políticos que a cada dia decepcionam como, agora, no Congresso Nacional, onde o “centrão” bateu a carteira do governo (nosso dinheiro) em R$ 30 bilhões para emendas parlamentares, ou, para que os deputados e senadores possam fazer suas campanhas com dinheiro do povo.

Bolsonaro, que chegou chutando as canelas de todo mundo, hoje apenas fala mal da imprensa no cercadinho do Palácio do Alvorada. Era ele, Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes que deviam frear esta atitude maléfica à nação do Congresso Nacional e não dobrar os joelhos às velhas raposas que dominam a política brasileira.

Não podemos negar que Bolsonaro tem se esforçado, mas as forças contrárias são mais poderosas e resta, a ele, espernear, xingando a imprensa, ou seja, culpando a imprensa. A mídia não é a responsável, por exemplo, pela CPI da Covid. Também não é responsável pela troca de três ministros na área da saúde, com o país em plena pandemia e registrando em seus cemitérios a morte de mais de 400 mil brasileiros. A imprensa não é a responsável pelo virus.

Bolsonaro vem demonstrando desequilíbrio e personalidade de só arrumar conflitos, em fomentar a divisão do País, como se governasse para o que ainda resta de seus eleitores, ele que se elegeu com votos equivalentes a menos de 1/3 de toda a população, não de eleitores. E ao mesmo tempo se comporta como um super-homem doentio, como acontece com a pandemia, o meio ambiente, com preocupação maior voltada a liberação de armas e coisas do gênero.

Com seu isolamento mundial, já sem respaldado e credibilidade por uma política externa equivocada, abandonando quase todos os fóruns mundiais dos países em assuntos de interesse do planeta, além de agressões gratuitas feitas aos grandes parceiros comerciais do País, como a China que hoje pratica retaliação atrasando envios de insumos para a fabricação das vacinas.

Brigou com França, Alemanha, Noruega, Argentina, criou constrangimento com os mais de 20 nações que compõem os Países Árabes que são os segundo maiores compradores do Brasil em seu conjunto. Até com insensatez protocolada de um instinto primitivo quando deveria refletir antes de dar qualquer declaração, por não estar representado apenas a ele mesmo, mas um País continental como o Brasil.

Grande parte da situação de anomia em que o País se encontra também se deve a ele e não há sinais por, mínimos que eles sejam, de que vá mudar seu comportamento errático. É da sua natureza,

O que observamos, também, nos dias de hoje é um certo temor, desnecessário, quando saem às ruas para dizer que o Brasil está sendo tomado pelo comunismo. Isso não existe. Do PC do B restaram pouquíssimas vozes infiltradas nas universidades mas que não representam qualquer perigo à democracia, o mesmo acontecendo com a esquerda bolivariana de Lula da Silva. Dizem também que os chineses estão dominando o país. Ledo engano. Nós somos soberanos.

O Brasil é um país grande e rico que deverá sair de mais esta crise e, para isto, o povo que foi às ruas no dia do trabalho para uma manifestação ao presidente Jair Bolsonaro, precisa, mais do que tudo, mudar completamente o Congresso Nacional. E isto só é possível através do voto. Se isto acontecer, a corrupção também cede e o país crescerá a níveis desejados pela sua população.

Concordo, portanto, com as leitoras da coluna quando dizem que há um novo sentimento de patriotismo no país. Isto só não basta. É preciso mais.