Pedro Ribeiro

 

Sustentando que o processo eleitoral brasileiro é “respeitado em todo o mundo” e que “nunca, na história de nosso país, esse sistema apresentou qualquer indício de problema que comprometa a sua confiabilidade”, o movimento Pacto pela Democracia entrega ao senador Alvaro Dias (Podemos), documento em defesa da integridade do sistema eletrônico de votação.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro insiste em atacar o sistema de urnas eletrônicas, suspostamente com o apoio das Forças Armadas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou a defender as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral e afirmou que este assunto sobe legitimidade das urnas já foi “superado” no Brasil.

O senador Alvaro Dias disse às lideranças do Pacto pela Democracia que estiveram nesta quarta-feira em seu gabinete, deu seu amplo apoio à iniciativa, e destacou que é preciso identificar com profundidade as motivações de quem tenta desacreditar o sistema eletrônico de votação brasileiro.

“Comprovadamente, nestes últimos anos, não tivemos qualquer evidência ou fato concreto que justificasse as denúncias e ataques ao sistema eletrônico de votação, disse o senador”.

Alvaro Dias afirmou que “não podemos deixar que busquem fragilizar o processo eleitoral, e por isso é fundamental esse movimento em defesa das eleições. Muitas vezes nós nos sentimos um pouco isolados aqui no Congresso, até porque o Legislativo é um dos poderes mais desgastados, e sentimos que há um divórcio entre o Congresso e a sociedade”.

O senador paranaense destacou a entidade observando que “ é de fundamental importância para trabalharmos juntos pela realização de eleições livres e pacíficas, e com a garantia do respeito total ao resultado da vontade do eleitor”.

O documento do Pacto pela Democracia registra que declarações de autoridades que sugerem a não realização do pleito eleitoral e a apuração paralela de votos por quaisquer outras entidades, que não aquelas ligadas à Justiça Eleitoral, “extrapolam toda a normativa em vigor e são inadmissíveis em um Estado Democrático de Direito”. E o texto diz que ainda que “a sugestão de que isso seja feito pelas Forças Armadas, parte da burocracia estatal, responsiva ao poder Executivo, cujas atribuições são alheias a este exercício cívico, representa uma grave ameaça à nossa democracia”.

Ao sair da reunião com o presidente do STF, o presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, analisou o processo de fragilização do processo eleitoral que vem ocorrendo por meio do discurso de ódio e de fake news. Para ele, os ataques às urnas são uma “afronta à democracia”.

“Não se pode admitir o discurso tirânico de fechamento do STF. Estamos preocupados com a preservação da democracia. Não admitimos retrocessos. Viemos transmitir a preocupação ao ministro Fux. Não queremos ver o Supremo isolado, acuado. Com a democracia não se brinca”, analisou.

Livianu ainda frisou que as Forças Armadas não são responsáveis por fiscalizar processo eleitoral, mas sim por fazer a defesa do país. “A narrativa que vem se tentando construir, com justificativa de apuração paralela pelas Forças Armadas, não existe. Não há qualquer previsão legal de auditagem privada de votação eletrônica. São narrativas para agradar base de seguidores. Não passam de gozações, historinha da carochinha”, disse. (Com assessoria do senador Alvaro Dias).