Pedro Ribeiro

 

Quando disse que “as plataformas e a internet deram vozes aos imbecis”, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, buscou inspiração no escritor italiano Umberto Eco que disse: “as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar danos à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles tem o mesmo direito à fala de um ganhador de Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia portador da verdade”.

Alexandre de Moraes, com sua observação, mandou recado ao miliciano das redes sociais, Carlos Bolsonaro, que inunda a internet com mentiras que visam um desfecho eleitoral que beneficie seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.

“As milícias digitais produzem conteúdo falso, notícias fraudulentas. Elas [milícias digitais] têm o mesmo ou mais acesso que a mídia tradicional”, disse Moraes. Para Moraes, as chamadas milícias digitais atuam também para desacreditar a imprensa: “Isso não é desorganizado, isso tem muito dinheiro”.

“As plataformas e a internet deu voz aos imbecis. Hoje qualquer um se diz especialista. Ou seja, veste terno, gravata, coloca painel falso de livros no fundo do vídeo e fala desde a guerra da Ucrânia até o preço da gasolina, além de atacar o Judiciário”, afirmou o ministro, que é relator dos inquéritos das milícias digitais e das fake news.

“Como não dá para atacar o povo, começaram a atacar os instrumentos que garantem a democracia”, completou.