Pedro Ribeiro
(Foto: PSG)

O depoimento do deputado federal paranaense, Ricardo Barros, líder do governo na Câmara Federal, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que investiga ações do governo federal na compra de vacinas, foi incisivo ao ponto de irritar o nervoso relator, senador Renal Calheiros. Barros respondeu ao pé da letra a tudo que foi questionado e chegou, a certo momento, deixando intrigados os membros da CPI.

Foi um depoimento decisivo, segundo analistas, para colocar regras no “corredor polonês” que se transformou a CPI cujo objetivo é atacar o governo Jair Bolsonaro.

Sozinho, contra leões, Barros reafirmou o compromisso de prestar todos os esclarecimentos solicitados pelos senadores da CPI da Pandemia. “Eu estou preparado para responder a todos os questionamentos que por ventura a CPI possa fazer. Responder com propriedade, embasado em documentos mostrando que não há nenhuma conduta inadequada em todo esse processo. Nem da minha parte e nem da parte do Governo”, reforçou

O deputado rebateu na CPI ilação de que teria proposto uma emenda à medida provisória 1026 para beneficiar à empresa indiana Covaxin.

Ele esclareceu que apresentou a emenda porque a Índia é o maior fabricante de vacinas do mundo. “Era absolutamente natural que ela tivesse a possibilidade de que os estudos feitos lá fossem aproveitados pela Anvisa e pelo governo federal”, disse.

A prática de buscar novos fornecedores possibilitou economizar R$ 3,7 bilhões em compras de diversos insumos para o SUS. “É um mercado selvagem. Enfrentei monopólios e conseguimos economizar R$ 3,7 bilhões com a abertura nos processos de compras de medicamentos”, disse.

Questionado sobre o motivo de ter contratado a Global durante sua gestão no Ministério da Saúde, o deputado Ricardo Barros esclareceu à CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (12), que a empresa ofertou preços menores que a concorrente, mas não conseguiu obter licença de importação da Anvisa e isso afetou as entregas.

Barros explicou que a Global recorreu à Justiça e obteve liminar para que a Anvisa concedesse a licença. A Agência, no entanto, se recusou a cumprir a decisão.

“A Global entra na Justiça de novo, ganha outra liminar. A Anvisa não cumpre, atrasa em mais de um mês a autorização de importação dos medicamentos. Portanto, a Anvisa tem culpa no atraso dos medicamentos. A AGU entra contra a Anvisa, ganha a liminar e aí finalmente a Agência libera a licença de importação.”

Sobre o pagamento antecipado, Ricardo Barros esclareceu que é uma prática comum na aquisição de medicamentos judicializados. O deputado apresentou documentos e pareceres que permitem adiantar os valores para acelerar a entrega dos remédios. “É uma prática freqüente para cumprimento de decisões judiciais por conta da agilidade”.

O deputado também explicou que se desincompatibilizou do Ministério da Saúde antes do fim do prazo de entrega dos medicamentos

“Eu espero que a CPI me chame de volta. Estou pronto para responder a tudo, mas não posso permitir que mentiras repetidas sejam tomadas como verdades. Nós cessaremos, sempre que for necessário, as distorções de fatos. Responderei com propriedade, embasado em documentos, mostrando que não há nenhuma conduta inadequada, nem da minha parte, nem da parte do Governo”, afirmou.

Barros classificou como insustentável a narrativa que está sendo feita pela oposição na CPI: “Eu fui injustiçado. Criou-se uma versão que não é verdadeira, de que o presidente Jair Bolsonaro teria me acusado. Ele não me acusou, já deu entrevistas dizendo que não tem nada contra mim, e por isso me mantém na Liderança do Governo.”

O deputado Ricardo Barros (PP-PR) afirmou em entrevista coletiva que a CPI da Covid-19 irá desistir de acusá-lo por falta de provas. O depoimento do deputado nesta quinta-feira (12) foi encerrado depois de mais de quatro horas de sessão.

“Eu tenho absoluta convicção que não tem nada que me impute nesse processo. Vão quebrar o meu sigilo e não vão provar nada. A CPI quer falar uma versão que não se sustenta. Tenho 32 anos de vida pública. É só uma questão de tempo até eles desistirem dessa narrativa por falta de provas”, declarou.

Durante o depoimento o deputado apresentou documentos e vídeos para rebater as acusações de envolvimento com as negociações da Covaxin e de interferência no Ministério da Saúde. O deputado foi interrompido diversas vezes pelos senadores da oposição.

Em relação a uma nova convocação para depor na CPI, o líder do Governo Jair Bolsonaro disse que está preparado com provas documentais e se colocou à disposição para um novo depoimento.

“Virei quantas vezes for necessário, só me convocar, eu entrei no Supremo Tribunal Federal para vir a CPI. Responderei a tudo, mas não vou permitir que narrativas mentirosas se repitam, sem o contraditório. Não vou permitir que a CPI continue tentando imputar a mim fatos inverídicos”, salientou

“A CPI precisa respeitar as regras. Eu tenho imunidade parlamentar dentro ou fora da CPI. Eu vou emitir minha opinião em qualquer lugar. Se eles querem me convidar que saibam que é para um embate tão bom quanto de hoje. Eles vão se preparar melhor, e eu também”, frisou