Pedro Ribeiro

 Aroldo Murá

 

Para alguns, a posição de Feder seria insustentável, pois não dialoga com o mundo político (ALEP) e nunca dialogou com o professorado. Tudo azedou, na verdade, com a queda de Maria das Graças, do Conselho Estadual de Educação, nome com forte apoio político.

A guerra de parte da Assembleia Legislativa contra o secretário Renato Feder apenas começou. Dentro da base do governo e também na Comissão de Educação já há deputados estaduais dando como certa a exoneração de Feder. O clima azedou com a saída da presidente do Conselho Estadual da Educação, Maria das Graças Figueiredo Saad, esta que é a verdade.

E uma Das vozes mais argutas da Casa, Luiz Cláudio Romanelli, sinalizou – conforme o site registrou – seu descontentamento com a queda da Maria das Graças. “Ela não pode cair em desgraça, sem mais nem, menos”, protestou um velho jornalista com assento na bancada de Imprensa da ALEP.

 

GOTA QUE TRANSBORDA

A queda de Saad, sem que houvesse prévio diálogo da SEED com os deputados que a sustentavam, foi a gota que transbordou um copo cheio de reclamações contra o secretário. Para os deputados estaduais ouvidos por este site, e também alguns federais, “Renato Feder trata a classe política com desprezo e não se importa em dar rasteiras – descumprindo as palavras dadas. E acha que seu dinheiro pode compensar tudo”. “Política não é montadora de sucata eletrônica, onde se trabalha com metas, protocolos e sem conversa. Política bem feita traz ótimos resultados para todas as pessoas. Mas, antes, tem que ter conversa e acordo”, disse um deputado aliado de Ratinho Junior da Comissão de Educação.

MELHOR SECRETÁRIO?

Feder tem como meta ser o melhor secretário da Educação do Brasil. Mas tal objetivo é ameaçado pela realidade. Dentro da base na Assembleia do governo Ratinho Junior, Feder é chamado, por muitos, de Pinóquio, uma alusão às “não verdades” ditas por ele ao governador e aos deputados. Feder já vinha tentando derrubar Maria das Graças há muito tempo. Sem paciência para articular ou formar coalizão, Feder via na ex-presidente um gargalo a ser vencido. Desde o início da gestão de Feder, o deputado Luiz Cláudio Romanelli vinha marcando sucessivos cafés da manhã ou almoços, para chegar a um determinador comum. Mas foram fracassadas as tentativas.

MUITAS RECLAMAÇÕES

Com um clima de todo favorável a denúncias, chegaram aos deputados da Comissão da Educação da Alep e também à base aliada documentos que contestam gestão de Feder. Um dos pontos mais graves: estamos no terceiro mês do ano de 2021, e Feder não tem funcionários para abrir mais de 1200 escolas. Isso significa mais da metade das 2150 escolas paranaenses. Segundo fontes da SEED, em 500 escolas, não há nenhum funcionário para trabalhar. E em 700 escolas, o mesmo funcionário fará a merenda, limpará os banheiros e desinfetará salas de aulas. Esse funcionário terá que fazer isto em menos de 20 minutos.

“Se isto acontecer, todos protocolos criados pela Secretaria de Estado da Saúde serão rasgados e deverá explodir o número de infectados dentro da comunidade escolar, que hoje envolve quase 3 milhões de paranaenses”, alerta um deputado da base de Ratinho.

POSIÇÃO SUPERIOR

Mesmo diante dessa enorme ameaça, Feder insiste nas posições tidas como arrogantes, como a que teve na reunião dos diretores sobre a qualidade da internet. Nela, Feder disse aos professores, diretores e alunos que “se virem” em se conectar às aulas mantendo as câmeras ligadas.

O problema é que não funciona o famoso aplicativo Aula Paraná, o qual pertence a empresa Mano, que era responsável em distribuir fakes News na campanha de Bolsonaro, segundo garante à coluna uma fonte da TI. A conferir, pois…

Renato já fez o governador Ratinho Junior anunciar que as escolas paranaenses terão 100 megas de conexão. Mas a verdade, segundo documentos que chegaram à Coluna, é que apenas 15 escolas têm esta capacidade. Nas demais, a conexão chega a 20 megas, o que é baixo para alto tráfego de dados das aulas online.

FERVURA SINDICAL INCOMODA

A fervura dentro do sindicato dos professores, a APP, está aumentando. Nos grupos de WhatsApp dos professores, estão surgindo ideias para pressionar Ratinho Junior. Montar acampamentos em frente a casa do governador, mantendo altos falantes em pleno funcionamento, do raiar do dia ao pôr de sol. Essas são apenas algumas da diatribes sindicais em estudo para chamar atenção do governador para seu secretário de Educação, nominado, apenas, como “o empresário Feder”.

Alas mais radicais (e coloca radicais nisso) do sindicato estão dispostas a levar corpos de funcionários mortos por Covid para serem velados em frente ao Palácio Iguaçu, e na frente da Secretaria onde trabalha Luciana Saito…A ameaça, acredito, não deve passar de exagero de sindicalistas extremados. Corpos humanos se revestem de auras sagradas, em quaisquer crenças, é bom lembrar. Não podem ser meros objetos de protestos políticos.

BAKRI E GUTO SILVA

Percebendo o tamanho dessa panela de pressão, de novo, a dupla Hussein Bakri e o secretário da Casa Civil, Guto Silva, entraram como bombeiros. Tanto Guto Silva como Bakri colocaram seus perdigueiros para saber a verdadeira realidade da Secretaria da Educação.

Serão com esses dados que eles vão trabalhar; mas uma coisa é clara dentro da base aliada: se Feder não reverter o cenário, “tem tudo para cair antes das férias escolares do meio do ano”, como observa um deputado da base aliada na ALEP.

 

Aroldo Murá é jornalista