Pedro Ribeiro
(Foto: Ricardo Duarte/Internacional)

Alceo Rizzi

Nos tempos do regime militar, no final dele, o general presidente Figueiredo foi tratado com deboche por ser dono de personalidade tosca, que preferia cheiro de cavalo ao cheiro de povo, ou de seu temperamento explosivo do “prendo e arrebento” a quem fosse contra a abertura democrática, lenta e gradual.

O paradigma do que se achava tosco, o tempo tratou de superar depois. Dilma era apenas a cognição convulsiva e desordenada, como um personagem em busca de seu autor. Depois, os que passaram, entre um e outro, jamais conseguiriam superar a ignorância tosca, boquirrota e orgulhosa como agora.

Por mais asnices que tenham cometido com seus distúrbios vernaculares ou de cognição, bobagens eventuais que disseram e que entraram nos compêndios inofensivos das chacotas. Nunca se viram obrigados a se retratar, desdizer e refazer o que disseram, sóbrios ou embriagados, não ofenderam outras nações, nem as acusaram de cometer crimes contra o país. Menos ainda as associaram como cúmplices de crimes, para se eximirem de suas próprias e únicas responsabilidades como acontece agora nesta questão de compra de madeiras brasileiras de extração ilegal.

Não passaram constrangimento semelhante por qualquer motivo de bizarrices, por impulso boquirroto a ponto de terem que se explicar vergonhosamente no dia seguinte. Como agora, para dizer que não se acusava países, mas empresas deles, de comprar madeira brasileira clandestina, transferindo a elas a responsabilidade pela omissão de combate ao desmatamento que deveria ser dele.

Quem não pensa antes, pensa menos depois. Quem faz mal feito, faz duas vezes, para tentar refazer, e nem assim funciona. Constrangimento só não será maior se eles, por alguma entidade ou organismo que os representem, não solicitem pedido oficial de esclarecimentos sobre as acusações. Coisa que, ainda citada, a França talvez o faça. No mundo, pela ótica atual, toscos são os outros.

Alceo Rizzi é jornalista

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