Pedro Ribeiro

A cada ano eleitoral, cria-se na sociedade brasileira, uma falsa expectativa de que nosso parlamento será renovado e, com isso, haverá esperança de uma boa gestão dos nossos representantes no Congresso Nacional. Findam-se as eleições, os eleitos tomam posse e logo percebemos que, mais uma vez, erramos pois, a maioria descamba para ações antirrepublicanas e de interesse próprio.

Vale lembrar pesquisa do Datafolha realizada entre os dias 13 e 16 de dezembro de 2021 onde mostrou que apenas 10% dos brasileiros aprovam a atuação do Congresso. Segundo avaliação do jornal O Estadão, esse é o pior patamar de avaliação do Legislativo federal em três anos, quando, segundo o mesmo instituto, 22% dos pesquisados consideravam o trabalho do Congresso “ótimo ou bom” – porcentual não muito mais animador.

Para 45% dos entrevistados na nova rodada da pesquisa, o trabalho dos parlamentares é “regular”. Para 41%, “ruim ou péssimo”. Outros 4% não souberam ou não quiseram responder.

Esse desastre não causa surpresa, pois vemos, com nossos próprios olhos um Congresso Nacional cada vez mais distante dos problemas que afligem milhões de brasileiros.

A Câmara dos Deputados e o Senado, sob a presidência, respectivamente, de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), têm dado sucessivas mostras de alheamento, fechadas que estão, ambas as Casas, em pautas que privilegiam, antes de qualquer coisa, os interesses dos próprios parlamentares.

Como bem colocou o jornal O Estadão, “assim como a esmagadora maioria dos eleitores é capaz de perceber que não há governo no País, como mostrou recente pesquisa realizada pelo Ipec, também não está alheia ao que se passa no outro canto da Praça dos Três Poderes”.

Os eleitores não estão alheios à tomada de assalto do Orçamento da União pelos parlamentares. Não estão alheios a um Congresso que, em meio à pior tragédia sanitária que já se abateu sobre o País, ainda cogita cortar recursos orçamentários do Ministério da Saúde para custeio de UTIs.

Também não escapa ao olhar crítico dos cidadãos o aumento ignominioso do montante destinado ao financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais enquanto projetos destinados a atacar mazelas renitentes do País seguem à míngua, como é o caso do projeto para zerar a fila dos beneficiários do Bolsa Família.

Assim como não tem crédito o Congresso Nacional, também o Governo Federal está aquém das expectativas do povo brasileiro que depositou sua confiança em Jair Bolsonaro e, passados três anos, viu que errou. E feio.